Sobre a transitoriedade das dores

♥

Desde criança sempre vivi no interior.

E uma das coisas que mais movimentavam a cidade eram os ‘showmícios‘, que eram festas oferecidas pelos candidatos a prefeito e vereadores, em que haviam bandas fazendo seu show e em algum momento os candidatos tomavam a palavra para expor as suas propostas. Essas festas agitavam a cidade, e as pessoas iam com suas famílias prestigiar o evento .

Eu era criança, nem lembro ao certo quantos anos tinha, mas era entre 5 e 6 anos. Lembro bem do movimento na cidade, o showmício foi perto da praça e eu, obviamente não me lembro qual era o partido que ofereceu a festa e nem a banda que estava tocando, porque isso não me interessava nem um pouco.

Lembro sim, de bandeiras balançando, e das vozes exaltadas dos adultos que estavam em cima do palco e queriam através de suas palavras duras convencer seus ouvintes. Lembro de casais de namorados que passavam de mãos dadas e ignoravam tanto, ou mais que eu o que aqueles homens diziam.

Mas o que aconteceu naquele dia foi uma coisa boba, que não tem nada de especial, a não ser o fato de uma experiência infantil ter me feito encarar muitas coisas de forma diferente…

Eu estava brincando com meu irmão, e a praça era enfeitada por pequenas flores vermelhas, que a primeira vista até poderiam ser inofensivas, mas que tinham em seu calo inúmeros espinhos. Um perigo para  crianças distraídas (leia-se eu). Acontece que, em determinado momento, eu subo em um dos bancos da praça e me desequilibro, caindo com os braços sobre os espinhos que perfuraram a minha pele. No momento, além dos meus pais, outros adultos vieram para tentar me ajudar, eu gritava e chorava muito.   Lembro das marcas que ficaram dos espinhos. Mas da dor mesmo, eu não me lembro, lembro que doeu muito, mas não lembro exatamente de como foi essa dor. E, hoje em dia nem lembro muito desse dia. Me lembrei hoje porque vi um lugar que tem essa flor. E sabe qual foi a “lição” que tirei desse episódio? Aquilo que os mais velhos insistem em repetir e os jovens a ignorar, aquele ditado que diz: “Não há mal que perdure, não há dor que não se cure.” Aprendi que eles estão certos, graças a Deus, nenhuma dor é eterna! No momento em que a vivemos até pode parecer que ela é, mas acredite não é.  É óbvio, que também depende da gente, se ficarmos alimentando, remoendo aquilo que nos causa dor ela será mais duradoura, a partir do momento que deixamos ela de lado ela vai ficando tão pequenininha que um dia simplesmente deixa de existir.  E você pode até ver as cicatrizes e lembrar que doeu muito, mas não vai sentir mais nada. Porque como tudo na vida, as dores também são passageiras. Ainda bem.

*Imagem retirada do We♥It

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