Minha mãe e eu estávamos caminhando de mãos dadas, por uma rua praticamente deserta, a rua não era asfaltada e dava para contar umas três casas, distantes umas das outras. Estávamos conversando sobre coisas aleatórias.
Quando estamos perto da esquina eu ouço a voz de uma criança chamando pelo meu nome: “Oi, Janaína!”Porém, eu não posso vê-la, porque há uma árvore gigantesca em minha frente. E a criança continua a me chamar: “Janaína! Ei, Janaína!” Eu então respondo:
— Espere um pouco, eu não consigo te ver!
Então, solto de minha mãe e vou caminhando abaixada pelos galhos da árvore que atrapalhavam a minha visão. Eis que a criança é revelada! É um garotinho , de aproximadamente sete anos, cabelos castanhos claros, boca rosada quase avermelhada, e olhos castanhos, grandes e expressivos. Ele era magro, mas tinha uma barriguinha grande, as pernas eram finas e atrofiadas, porém isso não parecia atrapalhar ele e eu procurei não ficar olhando muito, para evitar constrangimentos. Ele vestia apenas uma cueca azul e tinha nas mãos um brinquedo. E atrás dele havia um carro prata. Eu olhei para ele e respondi um “oi”, um pouco confuso, pois eu não conhecia aquela criança, como ele poderia saber o meu nome? O menino fala:
— Não se lembra mais de mim? Meu nome é Gabriel — e falou um sobrenome que não me recordo.
E eu respondi que , infelizmente, não. E pude perceber que sua feição mudara, os olhos ficaram marejados, a tristeza era evidente. Essa reação, fez com que eu me sentisse extremamente brava comigo mesma. Como eu poderia ter esquecido daquela criança? Eu era uma pessoa horrível.
Eu acabei despertando e perceber que tudo não passara de um sonho. Depois de passar um tempo refletindo sobre o sonho. Acendi a luz e encontrei uma pena branca nos pés da cama. Olhei para a cabeceira, onde havia um quadro enorme do anjo, Arcanjo Gabriel, depois de passar um tempo observando, percebi que o menino pintado no quadro se assemelhava muito com o do meu sonho, fiquei estarrecida. Meu Deus, o que aquilo significava? Já fazia um tempo que eu estava afastada da igreja. Será que foi uma mensagem? Será que preciso me aproximar de Deus? Decidi não perder mais tempo: fiz uma oração. ❤
*Texto inspirado no filme: Little Manhattan (Abc do amor) ❤ O único trailer que achei: clique aqui! 😦
Acho que alguém viciou em colocar gifs no blog haha ❤
Sempre ouvi falar que relacionar-se com meninas não era uma boa ideia. Dizem por aí que elas são um praga para os meninos (ouvi dizer que elas passam piolhos) . Eu não sabia muito sobre isso, até Rosemary entrar em minha vida.
Depois disso, eu pude compreender todas aquelas músicas românticas e até gostar delas. Pude sentir meu coração bater totalmente descompassado. Eu simplesmente não conseguia me concentrar em mais nada. Tudo que eu pensava era nela, minha linda Rosemary.
É incrível como as pessoas mudam, quando passamos a dar mais atenção à elas. Rosemary sempre estudou comigo, desde o jardim de infância, mas só agora é que pude vê-la com outros olhos…
Ela é uma garota linda, tem um cheiro bom, tem um sorriso bonito e parece que as coisas tornam-se perfeitas quando estou ao seu lado.
Dizem que eu acho isso porque a amo. E que ela é meu primeiro amor e que provavelmente eu ainda me apaixonarei muitas vezes na vida.
Amar pela primeira vez, me fez descobrir porque tantas pessoas tem aversão a esse sentimento: Porque dói. É dói. E me faz odiar me sentir assim, me faz odiar Rosemary e me odiar também.
Ok, eu admito:eu sei que não se trata de ódio, mas sim dele: do amor. Mas se o amor é tão bom, por que me faz sentir ódio? Talvez porque eu tenha medo.
O que me faz temer o amor é perceber que ele não dura para sempre. Mas por que não?
Meu pai disse que é porque vamos guardando alguns sentimentos bons, vamos deixando de falar, deixando de demonstrar. Mas, repito: POR QUE? Não seria muito mais fácil — e menos doloroso — nos livrarmos deles? O amor não deve morrer, não devemos deixar que isso aconteça. E meu primeiro amor me ensinou isso. Talvez a gente não case, nem ao menos namore, mas tenho certeza que um dia me lembrarei com alegria de tudo o que vivi com Rosemary.
O que eu achei do filme: O tema é : o primeiro amor. Esse filme me fez lembrar dos filmes da Sessão da Tarde. Sabe aqueles filmes que te arrancam sorrisos sem você perceber? Pois é, foi assim que me senti ao assisti-lo. É fofinho, e faz com que a gente repense sobre nossas atitudes sobre o amor. Ele foi lançado em 2005, eu já tinha visto algumas vezes com o título Abc do Amor , mas nunca tive pensado em assistir. Mas perdi tempo, valeu muito a pena e, provavelmente, eu assistirei novamente. Ah, gente e o que dizer do Josh Hutcherson (vou chamá-lo para sempre de Peeta ♥) todo fofinho… *-*
Se eu fosse classificar o filme em estrelas (de zero a cinco) daria cinco. ★★★★★
Se você é como eu: aqueles tipo de pessoa que ama comédia romântica, fofinha e ingênua. Eu super recomendo!
Mais uma tag!!! A linda 7reasons criou uma tag, que eu amei! Além dela ter me indicado as O eu insólito e a minha querida amiga Devaneadora de Ideias indicaram também. Muito obrigada, meninas! ❤
“Basicamente a TAG consiste em contar uma história, ela sendo engraçada, trágica ou muito assustadora e no final você por ‘a primeira vez a gente nunca esquece…’ ”
Eu sou a “rainha das desastradas” hahaha Então, tenho uma porção de histórias, trágicas, divertidas e assustadoras para contar. :p Quem sabe mais para frente eu conte para vocês algumas delas.
Eu escolhi uma que foi assustadora, trágica e por fim engraçada! haahahahah Espero que gostem! :*
Era uma época difícil. Era meu primeiro ano de faculdade, morando em outra cidade e minha mãe estava muito doente. Minha cabeça estava a mil!
Sempre morei em uma cidade muito pequenininha (4.000 habitantes), mas por causa da faculdade mudei de cidade. Eu morava em um bairro distante do centro da cidade e nas quarta-feiras eu fazia um curso de inglês. Para chegar até lá eu precisava pegar uma circular e eu não manjava muito os paranauê das circulares. Para piorar a minha situação, a ponte principal, que levava ao centro, havia quebrado. Então era necessário sair cedo de casa, porque o caminho era longo. Estava eu lá, sentada, com pensamentos tristes distantes, quando vejo que está vindo uma circular e dou sinal para que ela pare. Subo na circular (que estava lotada) e seguimos o “nosso”destino. Achei estranho porque eu não conhecia ninguém que estava ali, mas não fiquei pensando muito nisso. Até que… A circular sai da cidade e entra na BR, eu fiquei confusa e preocupada. Perguntei para uma moça que estava ao meu lado:
— Moça, para onde vai essa circular?
— Para Piracema e depois Mandiocaba. — respondeu ela.
Pensei que eu fosse ter um ataque cardíaco! Eu só tinha dinheiro para ida e volta, estava sem celular e provavelmente não iria chegar a tempo para o curso. Burra, burra, burra!Eu quis gritar, chorar, chamar por socorro (hey, Superman! ). Quis gritar: “Motorista, pare já este ônibus!” Mas como? Se o ônibus estava na estrada. O que me restava era esperar um milagre! hahaa Comecei a perguntar para todos onde o ônibus parava e eles diziam: “no terminal”, mas onde? Ninguém me dava uma informação útil. Até que uma moça (vulgo salvadora da pátria) me disse que ônibus pararia no terminal de Paranavaí, ou seja, ele iria até Mandiocaba e voltaria. Perguntei se eu podia ficar dentro do ônibus e ela disse que sim. Depois de suar frio e de evocar todos os santos e anjos que eu conhecia, a tranquilidade e gratidão tomaram conta de mim. Ainda bem que Deus protege as pessoas desastradas. Como ainda não conhecia as duas cidades, resolvi aproveitar a “aventura” e acrescentar mais uma — das muitas– histórias que contarei aos meus netinhos. ❤
No fim das contas, cheguei ao centro e fui correndo para o curso. Como eu tinha saído cedo de casa, cheguei apenas dez minutos atrasada. Acabou dando tudo certo, mas a verdade é que “a primeira vez a gente nunca esquece”.
A linda da Isa deve ter ficado cansada de esperar eu responder essa tag. rsrs Mas como eu sempre digo: “Antes tarde, do que mais tarde!” :p Muito obrigada pela indicação, amoré! Espero que gostem. ❤
O que não sai de casa sem?
Roupa Celular (porque é necessário)
Qual seu bicho favorito?
É mais fácil dizer de qual eu não gosto: Insetos (principalmente se eles tiverem asas). xD
Qual seu sapato favorito?
Rasteirinha de qualquer marca, ou chinelo 🙂
Produto de maquiagem indispensável?
Batom
Qual seu maior sonho?
Dar conforto aos meus pais.
Qual seu defeito?
Ansiosa demais. Portanto NUNCA me diga: “Tenho uma coisa para te contar depois.”
O que te irrita nas pessoas?
Quando elas se fazem de vítima.
Qual comida favorita?
Paçoca é comida? Feijão
Doce ou salgado?
Doces ❤
O que te deixa feliz?
Quando as pessoas que amo estão felizes eu fico feliz também.
E nessa segunda- feira trago mais uma participação da Quarta-Feira Criativa.
O tema dessa semana foi um dos mais difíceis, porque surgiram muitas inspirações e eu não conseguia escrever dentro do limite dos caracteres estabelecidos. O bom foi que ficaram alguns rascunhos salvos para a posteridade. 🙂
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O Livro do Futuro
Jóice D´Aviz
Na cidade foi anunciado, que quem quisesse descobri sobre o seu futuro era só ir até a “Casa da Cultura”, em um domingo as duas da tarde. Eu, curiosa , resolvi ir lá para ver se era mesmo verdade.
Organizaram um semicírculo e um homem contou uma história, dizendo que quando tinha sete anos havia uma “fonte milagrosa” em sua cidade e que ele foi presenteado com o dom de prever o futuro. Diante disso, ele lançou um livro, que tinha as páginas brancas e a mensagem seria revelada àquele que lesse. Assim, a pessoa que comprasse o livro poderia descobrir o seu futuro mesmo que ele não estivesse por perto. Ele propõe que apontará para qualquer um da “plateia” e o escolhido deverá ler o que é dito sobre o seu futuro.
Todo ficam ansiosos, inclusive eu. Obviamente, temendo que eu seja a escolhida. Então, aponta para um senhor negro de bengala. Ele entrega o livro na mão dele e diz:
— Leia em voz alta, o que “o livro do futuro”, diz para você.
O homem, com a voz rouca, responde:
— Você foi uma pessoa muito ruim, cometeu muitas atrocidades na vida, matou, traiu, enganou. O que lhe aguarda é triste e irremediável.
Ele aponta para mim e diz:
— Agora é a sua vez!
Torço mentalmente, para que o meu futuro seja bom. Abro o livro de olhos fechados e quando finalmente vou ler e descobrir sobre o meu futuro, ouço uma mulher de voz grossa me chamando.
— Janaína!
Poxa, logo agora! Me enfureço, fecho o livro.
Ouço minha mãe:
— Janaína, acorde! Seu namorado está te chamando.
*Bônus ( a história do escritor do livro, que eu tive que reescrever, para poder finalizar a história, dentro dos 1500 caracteres, mas que eu resolvi não apagar e compartilhar com vocês )
Esse é o relato do “adivinhador do futuro”:
— Meu nome é Ademir, tenho quarenta anos. Quando eu tinha sete, morava em uma pequena cidade e na praça dessa cidade tinha uma fonte. Muitos moradores diziam que presenciaram muitos milagres ali. E eu fui um deles! Eu estava brincando, com a água da fonte, quando de repente vi uma luz. Meu corpo ficou paralisado, por mais que eu tentasse me mover, não conseguia. Ouvi uma voz doce, que me disse para não temer e eu pude ouvir atentamente a tudo que ela me dizia. Quando, finalmente, tudo acabou, eu já não era mais o mesmo. Essa divindade misteriosa havia me presenteado com um dom: de prever o futuro. Eu poderia saber qualquer coisa de qualquer pessoa, só de olhar para ela. E desde então, eu viajo pelo mundo inteiro, mostrando para as pessoas, como será o futuro delas, e, se há alguma forma de mudá-lo. Hoje venho apresentar a vocês, o meu livro. Ele é capaz de mostrar-lhes o futuro, sem que eu esteja por perto. As páginas são brancas e a mensagem só é revelada aquele que ler. Aqui faremos uma “amostra grátis”, do poder deste livro. Eu apontarei algumas pessoas desse círculo e pedirei para que leiam o que o livro lhes diz.
E quando o tempo não cura? E quando procuramos nos livrar da dor que aperta, que machuca, que destrói as esperanças e ela insiste em ficar?
Tudo que as pessoas sabem dizer é: espere o tempo que tudo se resolverá!
Engraçado como o tempo é. Ele te faz pedir para que passe devagar durante aquele beijo apaixonado e te faz implorar que passe rápido quando a paixão acaba.
Você sempre disse que eu tinha um olhar doce e eu sempre gostei de ver a minha imagem refletida em seus olhos. E nosso olhares que antes se procuravam, hoje se evitam. Eu sempre acreditei que os olhos não mentiam, mas eles mentem,sim eles mentem, você mentiu.
Como faz tirar essas amarras que ficaram em meu coração? Como faz pra me libertar desse aperto na garganta, que me impede de expressar toda a revolta que estou sentindo?
Você me obriga a dizer não, quando eu sempre quis dizer sim. Você disse que sempre lutaria pelo nosso amor, mas foi covarde! Me abandonou, me iludiu, fez com que eu me sentisse única e eu percebi que, para você, eu fui só mais uma.
Você acha que meu olhar não vai te perdoar, mas nem tentou me reconquistar. Nós poderíamos ficar horas consertando os pregos tortos a que você se refere e construir um lugar só nosso, mas você é covarde demais para tentar.E eu fico aqui, vendo você ir embora, sem sequer olhar para trás, sem me dar um adeus digno. E esperando o tempo passar para uma tentativa vã , de esquecer que um dia você e eu fomos uma história de amor, a mais linda e mais dolorida de todas elas.
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O Jardim
Jóice D´Aviz
Janaína não havia conhecido sua avó Glória que tinha morrido alguns anos antes de seu nascimento, mas ouvia falar muito dela. A avó dela era filha de uma índia com um francês. Era muito curioso saber que tinha descendência indígena!
O pai contava a Janaína que Glória nunca tinha vivido em uma oca, nem convivido com a tribo de sua mãe, mas que herdou o amor pelos animais e pelas plantas, ela amava plantar, principalmente flores. Ele falava o quanto Glória era adorável e como ela teria amado conhecer a netinha. Isso causava muito dor no coraçãozinho de Janaína, pois ela queria muito ter conhecido a avó.
O pai se entristece com o jeitinho dela e decide levar a família para conhecer a casa onde ele cresceu, para passarem um final de semana lá.
Como chegam a noite, ele precisa levar lâmpadas e colchões, pois a casa está abandonada a muito tempo. A casa é tão grande , e como está vazia , chega a dar medo. A mãe dela organiza os colchões, enquanto o pai instala lâmpadas pela casa. Logo após vão dormir pois está muito tarde.
No dia seguinte, de manhã, a mãe de Janaína pede para que ela abra as janelas da casa. E ela prontamente obedece. Como é uma casa antiga, as janelas são grandes e de madeira,fechadas por uma “tramela” também de madeira. Eis que quando ela abre a grande janela se depara com um enorme jardim, com diversas flores em cores que imitam um grande e lindo arco-íris. Janaína entende como uma mensagem de boas vindas da avó e seu coração se enche de alegria. ❤
Era uma vez em um reino nem tão distante assim, uma princesa que não tinha um nome tão lindo como Aurora, nem tão diferente quanto Cinderela. Ela não tinha uma madrasta má, nem tinha amizade com os animaizinhos da floresta.
Os pais eram muito amáveis com ela e com as três irmãs, que aliás não se pareciam muito com as princesas convencionais que estamos acostumados a ler nos Contos de Fadas.
A mais velha chamava-se Ana, com aproximadamente 1,60 de altura, olhos azuis, cabelos encaracolados e alguns quilinhos a mais, provocados pela sua paixão por tudo que tivesse açúcar. Sempre foi um exemplo de princesa: doce, delicada, prendada, educada e todos os adjetivos que você pudesse imaginar. Sua cor preferida? Rosa. O pai até tentava arrumar-lhe pretendentes, mas ela recusava todos,queria casar com um amor verdadeiro, iguais àqueles que ela lia nos romances e encher a casa de filhos.
A mais nova, Ana Maria, era “a rebelde”, 1,70 de altura, olhos castanhos escuros e extremamente magra. O pai já havia desistido de mandar costurar vestidos longos para ela, porque ela simplesmente cortava todos acima do joelho. Passava horas tentando alisar seus cabelos e até deu um jeito de raspar a parte esquerda, deixando o pai histérico. Sua cor preferida? Preto. O rei nem tentava arrumar marido para ela, pois ela expulsava todos com seu jeito explosivo de ser. Ela sonhava em ser independente. Casar e ter filhos, definitivamente, não estavam nos seus planos. Ana Maria odiava ser princesa. O sonho dela era conhecer o mundo em seu cavalo.
Por fim, a filha do meio e protagonista desta história:Maria. 1,69 de altura, olhos cor de mel, nem gorda, nem magra, cabelos cacheados. Uma princesa compreensiva, inteligente, mas com personalidade forte. Ouvia sempre os pais chateados com as atitudes de suas irmãs. Ela não entendia o porquê. Afinal, o casamento era uma coisa tão indispensável assim na vida de uma mulher? Maria não tinha problema com suas roupas, corpo, ou cabelos, ela se amava do jeito que era. Pensava sim em casamento e filhos, mas nada de casamento arranjado. Ela queria ter a liberdade de poder escolher quando, como e com quem ela iria casar, e fazer o mesmo quando quisesse ter filhos. E aquele não era o momento que ela queria. Sua cor preferida? Ela não poderia escolher, haviam tantas cores que a agradavam. Seu sonho era que um dia todas as mulheres — princesas ou não — pudessem ter a liberdade de escolher como gostariam de viver. Ela suspirava aos quatro cantos, e imaginava uma época em que as mulheres pudessem trabalhar, estudar, namorar e fazer tudo aquilo que os homens já faziam. Que um dia as mulheres pudessem sair, sem ter horário para voltar e sem se preocupar em sofrer abusos. Que pudessem usar roupas curtas, o cabelo do jeito que preferisse, comer sem se preocupar com quilinhos a mais. Que pudesse, até mesmo, escolher não casar e nem ter filhos e não ser julgada por isso. Ela tinha a consciência de que muita coisa havia mudado (pra melhor) mas ainda havia um bocado de coisas que poderiam ser diferentes. “Quem sabe um dia”, pensava ela.
O Rei, nervoso, com medo de nunca ter um neto, de não continuar a sua descendência, saía pela casa gritando aos quatro cantos: “Afinal o que essas mulheres querem”?
A Rainha tinha sido educada a sempre respeitar o seu marido, concordar com tudo que ele dissesse e a nunca respondê-lo mal. Embora, não tivesse a liberdade de falar, seus pensamentos eram livres de qualquer julgamento, então ela pensava: “Elas querem o que todas as mulheres do mundo querem: ser livres para fazer suas escolhas e ser respeitada por ser quem são. Não querem ser desrespeitadas pelas roupas que usam, não querem que os homens venham com segundas (e péssimas) intenções, não querem ser abandonadas com seus filhos, não querem ser agredidas. Elas não querem ser controladas, querem ser amadas e compreendidas. Elas querem igualdade, querem respeito!” O sonho da rainha era que suas filhas pudessem viver em um mundo que as respeitasse. E que um dia elas fossem livres, para dizer tudo o que ela era obrigada a calar.
Essa história não termina com um casamento, filhos, nem com um “felizes para sempre”, mas termina com o desejo de que um dia histórias assim deixem de existir, que as mulheres finalmente alcancem sua tão sonhada igualdade. Que um dia, a gente ligue a televisão e não se depare com mortes de mulheres assassinadas por seus parceiros, que não vejamos mulheres sendo abusadas sexualmente, nem sendo agredidas. Que a sociedade pare de julgar tanto e passe a aceitar, que embora homens e mulheres sejam diferentes um dos outros, que eles devem ter direitos iguais.
P.s.: Esse post faz parte da Postagem Coletiva do mês de Março do Projeto Vai um Café? Sim, existe amor na blogosfera. ❤ Essa é a primeira vez que participo. *-*
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A dama de vermelho
Jóice D’Aviz
Era uma noite de verão, extremamente quente, normal para a região em que moro. Durante o sono, fui despertada por uma sede fora do natural. Relutei para levantar, mas senti minha garganta seca e a boca ressecada.
Levantei vagarosamente, não acendi nenhuma luz, pois todos ainda estavam dormindo e eu não queria acordar ninguém. Por instinto fui caminhando,com passos de gato, até a cozinha.Abri a geladeira , que iluminou boa parte do ambiente, e fiquei ali bebendo água com a porta aberta. Eis que escuto um barulho que me deixa atônita: uma linda mulher, de pele bem branca (sem nenhuma mancha) , cabelos longos repicados, na cor castanho escuro, em um exuberante vestido vermelho. Mas o que me arrepiou a espinha, foi o fato de seus olhos refletirem chamas.
Eu fiquei sem reação, enquanto ela me olhava. Até que ela disse algumas palavras indefiníveis, em tom angelical. Eu não compreendi muito o que ela dizia, pois estava hipnotizada por seus olhos. Então ela segurou minha mão e eu pude sentir sua mão extremamente fria tocar minha pele. Ela fechou minha mão e eu senti que havia alguma coisa dentro dela, mas eu não conseguia me mover. E eu fiquei ali, paralisada, vendo ela ir embora, vagarosamente. Assim que a visão desapareceu, eu pude abrir a mão e ver que ela havia deixado uma chave comigo. Mas da onde era essa chave? Não sei como voltei ao quarto e quando despertei no dia seguinte, jurei que tudo aquilo fora um sonho. Até encontrar a pequena chave misteriosa em meu criado mudo.