
N.A: Hoje é o dia dos avós. E essa data sempre me deixa um pouco triste. 😦
Porque eu nunca tive nem avô, nem avó. Não tive puxão de orelha, nem fiz parte dos encontros de final de ano. Não tirei foto com meus avós. Quando eu tinha 8 anos fui à casa que eles moraram. E encontrei uma casa vazia: sem móveis e sem vida. A única coisa que me alegrou foi poder andar pela casa grande de madeira e imaginar todos ali. E no dia seguinte, quando eu abri a janela tinha um lindo jardim do lado de fora. E até hoje eu sorrio ao lembrar é como se meus avós me dissessem “bom dia!”
Há alguns anos atrás, eu escrevi (em outro blog) sobre isso e vou compartilhar com vocês.
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Tenho um filho de oito meses, e ao observar o relacionamento dele com as avós , fiquei pensando : “que coisa mais boa ter vó”.
Quando eu era criança , sempre ouvia os meus coleguinhas de sala dizendo que iriam almoçar na casa da avó, que iriam passar a tarde na casa dela; contavam as histórias (causos) que a avó lhes contava, e quando a professora passava algum trabalho — por exemplo, pegar folhas de árvores, livros antigos, etc — eles diziam : na minha vó deve ter.
E eu ficava sempre de lado, observando, ficava muito triste, porque eu não
tinha avó, nenhuma !
A mãe do meu pai morreu anos antes de eu nascer.
E a minha mãe é adotiva, a mãe dela adotiva também faleceu antes do meu nascimento, e a mãe biológica é desaparecida.
As vezes eu me pegava olhando as velhas fotografias do meu pai, e ficava horas imaginando como seria se minha avó estivesse viva, como seria seu abraço, sua voz, seu sorriso, a cor e a textura de seus cabelos, o jeito de olhar, o cheiro, e até ficava imaginando como ela iria brigar comigo. As vezes até sonhava que ela estava viva. Era (é) muito triste.
Vocês não tem noção de como eu senti falta de ter uma vó!
Por vezes me senti até injustiçada por não ter uma.
Acho que é por isso, que estou sempre disposta a ouvir as histórias que os mais velhos tem pra contar; quando eu ia à casa das minhas amigas e as avós delas vinham conversar , eu ficava lá, que nem uma boba ouvindo encantada todas as histórias, talvez por isso também, eu seja encantada por aquelas vovós de antigamente : de cabelos brancos, voz macia, e cheiro de naftalina. Ai, como eu queria ter uma avó!
Mas o que me deixa feliz é que pelo menos meu filho tem a oportunidade de conviver com as avós, diferente de mim, ele vai saber como é gostoso ter uma, o carinho, os presentes , as broncas…
Quanto a mim, sempre vou viver procurando a minha avozinha em todas as senhoras de cabelo cor de nuvem, pele marcada pelo tempo e experiência, e esperar (e torcer) para que um dia eu possa ser uma delas, e já que eu não pude saber como era ser neta, que eu saiba ao menos como é ser avó, e que eu possa ser a avó que eu sempre desejei ter.