
Gosto muito da citação de Lewis Caroll, no livro “Alice no país das maravilhas” que diz:
“(…) eu sei quem eu era quando acordei hoje de manhã, mas já mudei uma porção de vezes desde que isso aconteceu.”
Acredito que todos nós temos muitas versões durante a vida.
Acredito também que uma versão não exclui a outra. Somos um misto de cada uma delas. Algumas características das outras versões vão nos acompanhando em cada fase da vida.
Eu já tive a versão menina. Tímida e sonhadora, foi daí que surgiu a minha versão escritora, afinal eu tinha que achar uma forma de me expressar de algum jeito. Foi uma versão bem confusa, eu era vítima de bullying na escola, tinha problemas familiares em casa, tinha uma baixa auto estima. Nessa versão aprendi a chorar escondida, para não ferir ninguém; a esconder a fraqueza, a fingir que estava tudo bem. Eu não fui só infeliz nessa idade, eu fui uma criança criativa, que inventava brincadeiras, que na falta de amigos reais inventou amigos imaginários. Apesar de tudo, eu fui feliz e eu tinha plena consciência disso, pois mesmo com todos os “poréns” da minha vida, tinha pais maravilhosos que faziam o possível para me deixar bem. Essa versão me amadureceu um pouquinho antes da hora.
Na versão adolescente, aprendi a me defender (e a defender os outros também). Consegui enfrentar vários medos, melhorei minha auto estima, descobri o amor. Essa fase foi muito especial e, apesar de todos aqueles dramas adolescentes também fui feliz. E consegui sobreviver a esse período tenso de tantas emoções ao mesmo tempo.
Na versão adulta, saí de casa, casei, engravidei, descobri que a vida não era mesmo cor de rosa como eu imaginava. Conheci pessoas cruéis que quase destruíram a esperança que tinha dentro de mim, que apagaram por um tempo a minha luz interior e o meu sorriso. Em contraponto, conheci pessoas amáveis, generosas, gentis e que fizeram com que, aos poucos, eu recuperasse a minha força interior.
A minha versão atual (que é adulta, quase trinta), é, por enquanto, a minha preferida. É uma versão menina, uma versão maternal que também me faz experimentar um pouco do mundo dos meninos, uma versão mulher, adolescente. Hoje me libertei de uma série de preconceitos que tinha, aprendi a ser mais tolerante e espirituosa. Aprendi a me amar, com todas as cicatrizes, decepções…
Aprendi que tenho uma força dentro de mim, capaz de acabar com qualquer problema que possa surgir do lado de fora. Sou ainda mais esperançosa, ainda mais sonhadora e, jurei para mim mesma, que não deixarei ninguém tirar isso de mim. A opinião dos outros a cada dia me preocupa menos. Valorizo os pequenos momentos e as pequenas coisas. Sinto-me bem. Completa, plena e muito feliz.
Cada pedacinho de mim é uma versão que já ficou para trás misturada com aquela que vivo no momento. É um constante aprendizado…
Sei que várias outras fases surgirão e que outras versões de mim virão à tona. Mas uma das coisas que aprendi é que o amanhã ainda não existe, o passado já foi e o presente tá aí para ser desembrulhado, aproveitado e vivido! Então não importa muito qual será a próxima versão, o que importa é sempre tentar dar o melhor de mim em cada uma delas.
Para finalizar mais uma citação, agora da Clarice Lispector:
“Ela é assim um mix de tudo que se possa imaginar dentro de uma grande capacidade de apenas não ser nada em definitivo. Ela é aquilo que não consegue se encaixar em moldes pré-existentes, parece que ninguém nunca foi antes dela. Ela se incomoda com isso, às vezes, muito. Ela é cheia de sentimentos, parece que suas experiências se manifestam é no dorso do seu colo, e quase sempre, de vez em quando, tudo isso pesa. Mas não tem modo, não existe maneira que a faça ser diferente. E ainda, graças a Deus, ela é diferente.”
P.S.: Post atrasadinho só para variar! HAAHAH Tema do mês de março. ♥
Que legal o seu texto, Joyce! Ótimo conhecer um pouco mais sobre cada de vocês do grupo, sobretudo em um post sobre versões! Também fui muito sacaneada no colégio, mas costumava não ligar, nunca me afetou… Servia até como motivação para ser sempre melhor, digamos haha. Enfim…
Beijos e linda semana!!
Thaís
PS: O endereço do meu blog mudou! Agora é thaisgualberto.com.br
PS 2: Também ainda penso em fazer meu texto da postagem coletiva, ainda que atrasada. hehe
Faz sim ♥
Que bom que gostou, Thais. Eu sofri muito na escola e a atitude das pessoas me afetava demais. Deixar de me importar foi um processo longo. Mas passou! Ufa! Acho que passar por isso ajudou a mudar o meu caráter e entendi que tudo tem um porquê. Boa semana para você também, irei conhecer seu novo cantinho, com certeza. Beijo!
Que lindo Joy,
Essa postagem coletiva foi uma das mais bonitas né,a gente pôde se conhecer melhor, refletir sobre nós mesmas enfim, muito bonito.
Amei seu texto, muito legal.
Bjs
Também gostei muito, Fer. Muito obrigada ♥♥♥
O seu post lembra-me a música de Joyce “Essa Mulher”, dos anos 80. Conhece? É uma letra belíssima. Gosto da sua sinceridade.
Oi, Mariluz. Primeiramente, muito obrigada pelo comentário e elogio. Não conheço a música, mas vou pesquisa-la, obrigada pela sugestão. Beijo! ♥
A coisa que eu mais gostei de ler é que sua versão favorita de si é a atual. Eu morro de saudade de algumas fases, de coisas do passado e acho normal. Tudo aquilo que a gente conhece e que ficou registrado com os filtros da memória é mais seguro, faz a gente se sentir bem. Mas gosto muito de pensar que, a cada dia, o novo eu será o melhor eu, não importa o quão mais difícil a vida fique… Desejo justamente isso, que cada novo “eu” seja sua melhor e favorita versão de si. Sempre 🙂
Obrigada pelas lindas palavras, Lari. Também penso assim, a cada dia estamos construindo uma nova versão e gosto de acreditar que ela será ainda melhor e mais incrível que a outra.
Beijos, bom final de semana! ♥
Adorei o texto e as citações. Bom conhecer sobre as várias versões de outras pessoas, servem de dicas para as atualizações das versões de mim! 🙂
Obrigada, Anna. ♥
Adorei o Texto, me sentia bem assim na infância. E descobri a escrita como uma maneira de libertação dos meus medos, conflitos e tristezas. bj
Muito obrigada, Alessandra. Que bom, saber que você se identificou :*
Oi joydaviz, tudo bem?
Cara, que legal teu blog. Gostei mesmo dos teus textos, gostaria até de repostar alguns… Claro, com os devidos créditos a você. Me identifiquei com algumas das tuas palavras e citações, eu escrevo na maior parte do tempo sobre mim mesma, e sobre a forma de enxergar o mundo. Gostaria de saber qual é esse tema que voc~e tá usando. Também achei da hora !!
Oi, Yasmine. Tudo sim e com você?
Muito, muito obrigada. Fico até sem graça com tantos elogios (não sei como lidar haha) Fico muito feliz quando alguém se identifica com meus textos, sinto como se tivesse com o dever cumprido, sabe? Pode repostar os textos sim, ficarei lisonjeada em ver meus textos em outro blog. Quanto ao tema, vou dar uma olhada e depois te respondo porque não lembro. Beijo ♥
bacana, eu tenho meu blog há anos. Mas só escrevo quando dá sabe rsrs . Vou tentar focar um pouco mais… pois muitos dos meus textos se perdem na caixa da memória.
Também estou em uma fase super corrida e está bem difícil de postar também, mas fazemos o que podemos hahaah
Boa sorte nas postagens, torço para que você tenha muita inspiração.
Ah, descobri o nome do tema: Nucleare ♥
Olha só, adaptei e postei… No fim linkei seu blog : https://yasminecosta.wordpress.com/2017/05/17/as-varias-versoes-de-mim/
Obrigada ♥
O “vai um café” ainda está ativo?
Infelizmente não 😦
Achei por acaso o seu post e desde então me apaixonei por sua forma de expressar a vida!
Muito obrigada, Virgínia. Fico contente que você gostou da minha forma de escrever. Melhorou o meu dia ❤