Tudo perdeu o sentido. A vida ficou monocromática. Esse é o outono mais frio da minha vida. O café acabou, as esperanças também .
Desenterrei aquele rádio antigo e os CDs, na prateleira, empoeirados. Procurei um CD que me animasse, não houve uma música capaz de reerguer o meu humor. Estava ouvindo uma música que nem lembro o nome, o cd riscou em uma parte que dizia : “parece que tem dias que até as músicas colaboram com a nosso estado de espírito”. Tá frio demais, eu não quero abrir a janela para deixar o frio entrar.
Dessa vez achei que seria diferente. Eu nunca canso de me decepcionar. Por acaso na minha testa está escrito: “Pelo amor de Deus, me engane!” Porque, se tiver quero tirar.
Embora eu deteste o frio, eu gosto do Outono. Pelo menos naqueles dias em que tudo parece meio alaranjado e o frio é ameno, em que não é necessário usar um monte de roupas, uma blusa fina de manga compridas já é suficiente. Mas esse Outono está com cara de inverno, eu tenho até medo da estação posterior.
Nesses dias frios, me lembro como é triste não ter uma companhia para me aquecer, embaixo do meu edredom azul, que tenho desde os nove anos de idade.
No verão não estava assim.
Naquele tempo eu tinha você. Naquele tempo a gente ocupava o mesmo lugar no mundo. Agora cada um ocupa a sua própria parte.
Talvez na primavera eu supere a falta que você me faz.