Uma vez eu me perguntei porque eu era tão sozinha.
Mas o que eu sentia não era a falta de ter pessoas ao meu redor, mas sim de me sentir sozinha nas multidões. Não sentir que eu me pertencia aquele grupo de pessoas.
E como eu queria isso!
Como eu queria pertencer há alguma coisa.
Foi por me sentir sozinha demais e, por sentir que ninguém queria me ouvir que eu comecei a escrever.
As palavras me deram voz, mas elas não saiam da minha boca e sim foram transcritas viraram grafite e tinta de caneta.
Foram as palavras que me deram o que eu mais queria: amigos. Os meus amigos imaginários eram os meus personagens.
Apesar de eu me sentir sozinha eu nunca estive. Eu tinha alguém por mim. Alguém que me dava força, que se preocupava comigo e que me enxergava quando para todo o resto eu era invisível.
Essa pessoa abriu a janela e me fez sair quando eu queria virar um móvel da sala.
Essa pessoa fez isso por mim várias vezes.
Mas agora eu sinto ela cada vez mais longe e mais frágil.
E agora eu me sinto cada vez menor e menor, e menor, sinto que um dia desses eu vou descer pelo ralo.
E quem vai me enxergar? Quem vai me resgatar?
Agora eu realmente estou sozinha. Um pontinho de solitário escondido em uma multidão egocêntrica.