Meu filho queria um cachorro. Eu adoro animais de estimação e cresci tendo vários gatinhos e cachorrinhos, foi uma infância tão feliz que achei legal a ideia dele ter um cachorro. Foi aí que começou a luta para convencer o pai dele. Ele se preocupava porque quando o nosso filho era bebê tínhamos um filhote de cachorro chamado Titã, um dia ele escapou e acabou morrendo atropelado. Meu marido tinha medo disso acontecer com o outro cachorro e do nosso filho sofrer. Mas a morte é inevitável, é triste, mas se formos pensar nisso não nos relacionamos com ninguém, já que todos irão morrer um dia.
Enfim, depois de muita insistência e do meu filho ficar esperando todos os dias o cachorro do vizinho aparecer para brincar com ele, o coração de pedra do meu amado marido amoleceu e fomos em busca de um cachorro.
Minha cabeleireira comentou que a cachorrinha dela teria filhotes, então pedi um à ela. Meu filho participou da espera ansiosa pelo nascimento do cãozinho e o escolheu quando ele ainda estava com os olhinhos fechados e deu o nome de Amigão.
E é aí que mais uma vez a infância nos mostra como todas as coisas são muito mais leves e divertidas nessa época.
Toda vez que alguém pergunta o nome da bolinha de pelos branca e comedor de sapatos e nós respondemos: ” Amigão” recebemos gargalhadas como resposta. “Que nome engraçado!” “Ele que escolheu?” diz a vizinha apontando o dedo para o meu filho.
E a gente ri também. Porque foi um nome tão espontâneo, tão lindo, tão “jeitinho criança” de ser, que nos encantamos por perceber que ainda prevalece a inocência dele.
Os adultos acabam perdendo o encantamento pelas coisas simples e acham graça quando a criança com uma criatividade imensa, em vez de batizar o cão com o nome de algum personagem de livro ou desenho favorito, vai pelo menos óbvio, e batiza-o com um sentimento. E se alguém pergunta para ele porque esse nome a resposta está na ponta da língua (e ligada ao coração): “Ele é Amigão, porque ele é meu amigo.” E ponto, não precisa ter explicação. Ele é Amigão porque esse é o sentimento que ele nutre por seu cachorrinho: de amizade.
E engraçado como o nome combinou perfeitamente com o roedor de sapatos mais fofo da vizinhança, vulgo Amigão.