Esperando você voltar

(achei essa imagem no Tumblr)

Você bem sabe que eu te vi partir e voltar uma infinidade de vezes. Desde sempre eu soube: você tinha que ir, mas sempre iria voltar. Sempre.

E foi assim que eu cresci acreditando: não importava o tempo, não importava a distância a qualquer dia você iria aparecer na porta de casa.

Mas por algum motivo, que eu até hoje não sei explicar, em uma das muitas despedidas eu senti que eu iria ter perder para sempre e angústia desse pensamento fez com que eu me desesperasse e ao te ver subir naquele ônibus estiquei os braços, em prantos e gritei:

— Mãe!

Você olhou para trás e começou a chorar muito, mas não tinha o que fazer, então foi em frente e os meus olhos perderam os seus na escuridão daquele ônibus cheio de cortinas fechadas em mais um inverno de nossas vidas.

O tempo passou e outros períodos de frio e escuridão aconteceram, mas nós estávamos juntas de mãos dadas em uma estrada quase vazia, assim como naquele sonho que eu tive e te contei.

Na véspera do pior dia de nossas vidas, do soco no estômago, do flutuar dos passos em um corredor gelado. Um déjà-vú, um incômodo, mais uma vez, em uma rodoviária em uma noite fria de inverno. Porém, dessa vez, com outros personagens, no mesmo horário, mas não no mesmo canal. Uma despedida, um até logo, mas uma sensação esquisita. Um incômodo que ecoava no peito e ultrapassava o espaço e o tempo. E me levava de volta para aquele dia, o choro, os braços abertos e você indo embora de novo, só que dessa vez, o peito apertou mais forte e você não estava há apenas alguns metros de distância, mas sim a quilômetros, em um lugar que os meus braços jamais poderiam alcançar.

No dia seguinte, o assustador barulho do telefone celular — que até pouco tempo ficava no silencioso, jogado no fundo da bolsa, mas que agora ficava sempre a mão com medo do barulho da chamada e com o alívio quando ele não tocava — a voz do outro lado em prantos pedia a minha presença, pois as próximas horas eram incertas.

Cega com a minha fé inabalável e com a ideia de que era apenas mais uma viagem com passagem comprada de volta. Eu fui, esperançosa, tranquila. Não fui preparada para vê-la, mas um acaso do destino me colocou dentro daquele quarto enorme, silencioso e barulhento, ao mesmo tempo. Fui porque devia cumprir uma promessa: a de estar ao seu lado nesse momento. As palavras saíram da minha boca ininterruptamente, sem roteiro. Eu falei sobre amor, sobre Deus e sobre o futuro. Peguei em uma mão gélida, de um corpo estático, era como interagir com uma imagem. E, disse: “Estou aqui, você não está sozinha”. As máquinas começaram a apitar, uma a uma. Eu fingia que não era nada. A esperança me fez de boba. Me apeguei em mínimos detalhes, eu te vi partir para não voltar nunca mais. Mas você me surpreendeu e invadiu os meus sonhos e me deu o abraço que faltou, aquele eu tanto esperei. Que saudade de você, minha mãezinha.

Solidão a dois

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Pexels

Por mais que eu tente fugir, a solidão me persegue.

Eu era uma criança solitária, fui uma adolescente solitária e me tornei uma adulta solitária. E o vazio é tão grande que não deixa espaço pra mais nada entrar.

Eu não entendia porque eu gostava tanto de ficar sozinha, agora entendo que é porque eu tive que me acostumar com isso. Tive que aprender a sobreviver, a aprender que eu nasci só e morrerei da mesma forma.

As pessoas não mudam. Elas só fingem quando é conveniente.

Quando a tempestade acaba ninguém mais quer andar com guarda chuva, ainda que o céu escuro e nublado demonstre que ainda pode chover.

O amassado e o quebrado só pode ser consertado se a pessoa tem consciência do estrago que fez, mas alguns tem memória curta. Eu só queria acreditar que as pessoas podem  mudar e que segundas chances valem a pena.

Por enquanto eu não tenho certeza…

E já está se tornando doloroso viver com incertezas.

Eu teorizo demais, sei de menos.

Esses dias estão estranhos…

Um passarinho que me contou

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Retirei a imagem daqui

Letras aleatórias… em um papel amarelado.

Tem dias que até o barulho dos pássaros lá fora incomoda.

Tem dias que a caixinha de memórias ruins abre e as lembranças doídas vem à tona.

O choro vem. A tristeza, a angústia também.

Mas um caminho não é feito só de pedras e espinhos. É feito de risos, cantos e passarinhos.

No seu caminho tinha pedras? No meu tinha passarinhos!

E um passarinho verde, cor de esperança, me contou que se a gente tiver bastante fé nada se torna impossível.

Ele me contou também que a vida nem sempre é boa. E não é bem o tempo que melhora as coisas, na verdade, é a maturidade que , as vezes, vem com o tempo.

Das muitas coisas que ele me disse, uma foi a mais importante: que em cada esquina há um recomeço.

E você tinha razão, passarinho!

 

Porto seguro

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Tirei essa imagem daqui

Mais doloroso que saber que tudo teve fim foi tirar o porta retrato do criado mudo, simplesmente substituir a foto, neste momento, não seria uma boa opção. Apagar o contato do celular também foi difícil é como se um celular com mais de 100 utilidades perdesse o sentido, virou apenas um pedaço de metal vazio e sem graça. Nenhuma notificação consegue acelerar o coração como aquelas que eu sabia que vinham de você.

Tô a dias excluindo a playlist que lembre algo de você, de nós.

Tô cortando volta dos caminhos que um dia me levaram a você.

Não quero ver, não quero ouvir. Quero só um cobertor quentinho e um travesseiro macio para tentar esvaziar a mente de todos os pensamento relativos a nós dois.

Não quero ver ninguém da família já cansei de ter que dizer que nossa história acabou.

As pessoas dizem que foi uma pena e foi mesmo. Mas acho que foi só para mim.

O que mais me dói é saber que estou perdendo noites de sono sofrendo por você e que você está dormindo muito bem , mesmo sabendo que quebrou meu coração. E que me deixou sozinha aqui para reconstruí-lo . Engraçado que você  sempre foi meu porto seguro quando a situação ficava difícil, mas e agora aonde vou pôr minha ancora, como vou me acalmar sabendo que o problema agora é justamente o lugar que eu corria para me sentir mais segura?

Eu não sei muito bem como vou fazer isso…

Mas quer saber um segredo, depois de um tempo chorando a gente aprende que está na hora de se levantar. Que um porto seguro, na verdade, não é um lugar que a gente tem que procurar, que fazer de alguém um porto seguro é arriscado, pois ficamos a mercê das decisões alheias.

Chega um dia em que a gente descobre que somos nossos próprios portos e que não há lugar mais seguro que estar ancorada em si mesma. E a gente descobre que está exatamente onde deveria estar.

O café acabou

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Tudo perdeu o sentido. A vida ficou monocromática. Esse é o outono mais frio da minha vida. O café acabou, as esperanças também .

Desenterrei aquele rádio antigo e os CDs, na prateleira, empoeirados. Procurei um CD que me animasse, não houve uma música capaz de reerguer o meu humor. Estava ouvindo uma música que nem lembro o nome, o cd riscou em uma parte que dizia : “parece que tem dias que até as músicas colaboram com a nosso estado de espírito”. Tá frio demais, eu não quero abrir a janela para deixar o frio entrar.

Dessa vez achei que seria diferente. Eu nunca canso de me decepcionar. Por acaso na minha testa está escrito: “Pelo amor de Deus, me engane!” Porque, se tiver quero tirar.

Embora eu deteste o frio, eu gosto do Outono. Pelo menos naqueles dias em que tudo parece meio alaranjado e o frio é ameno, em que não é necessário usar um monte de roupas, uma blusa fina de manga compridas já é suficiente. Mas esse Outono está com cara de inverno, eu tenho até medo da estação posterior.

Nesses dias frios, me lembro como é triste não ter uma companhia para me aquecer, embaixo do meu edredom azul, que tenho desde os nove anos de idade.

No verão não estava assim.

Naquele tempo eu tinha você. Naquele tempo a gente ocupava o mesmo lugar no mundo. Agora cada um ocupa a sua própria parte.

Talvez na primavera eu supere a falta que você me faz.

Para o meu pontinho cinza

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Enquanto todos estavam reclamando do preço das batatas, da falta de combustível e gritando para o presidente sair. Eu estava aqui. Entrando para a triste estatísticas das mães que sofrem de perda gestacional. Enquanto as pessoas, faziam filas para abastecer seus carros a preços abusivos. Eu estava em uma sala de ultrassom, torcendo para o médico ter errado e o coraçãozinho do meu bebe voltar a bater. E quando a greve acabou eu estava em um quarto de hospital esperando o momento de retirarem ele de dentro de mim.
Demorou para cair a ficha e ainda continua estranho. Aquela sensação de estranheza que a morte sempre nos traz…
Essas coisas parecem que só acontecem com a amiga da vizinha e nunca com a gente. Imaginem só, logo comigo, mãe de segunda viagem, com um histórico de gravidez e parto tranquilos!
Mas tem coisas que não dependem só da gente. O que me conforta é saber que eu fiz tudo o que estava ao meu alcance para que essa gravidez fosse a diante. Mas não foi. Não deu. E, por mais que a gente busque culpados nessas situações, não existem culpados. Não foi nervoso, não foi por esforço demais, não foi castigo divino, nem nada disso. Simplesmente não era pra ser, não dessa vez.
Esse sempre vai ser o filho que eu não tive, o choro que eu não ouvi, o semblante que eu não conheci e a risada que nunca vou saber como é. Nunca vou ouvir ele me chamar de mãe, ou dar os primeiros passos, nem espalhar brinquedos pela casa…
Dizem que os anjos não tem sexo, acho que é por isso que eu nunca vou saber qual era o dele.
E, agora dói muito, mas sei que essa dor vai ser amenizada. Já estou me conformando que agora também sou a mãe de um anjo. E, não tenho raiva de Deus, ou me sinto injustiçada. Me acho abençoada por ter carregado por dois meses um anjo dentro de mim. 👼 .

Para alguém que vai, mas ainda está

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Você acha que tem o controle de tudo. Até que a vida vem e te dá um tapa na cara, para mostrar quem é que manda.

Você acorda naturalmente, como todos os dias. Você faz planos.

Você sente que, embora as coisas pareçam normais, tem algo estranho no ar, uma sensação esquisita, mas ignoramos e continuamos o dia como se nada tivesse acontecido.

Telefonemas tem o poder de mudar as coisas.

Quando eu era criança, lembro que adorava atender o telefone. Meu irmão e eu, chegávamos a brigar por isso.

Mas então eu cresci. E em certas situações eu preferiria não atendê-lo.

Em um dia você conversa com a pessoa, ri com ela, almoça com ela e no outro dia, o telefone toca. Ela já não está mais lá.

Ela está, mas não está. Foi tudo tão rápido…

A tecnologia mantém ela viva. Mas você sabe que não manterá por muito tempo.

E na sua cabeça vem milhões de pensamentos, arrependimentos, mas já é tarde demais.

E então, você se dá conta de que nada está sobre controle. Que o livre arbítrio não te dá a liberdade que você imaginava ter.

Que esperar pelo dia seguinte nem sempre é uma opção. Já ouvi falar que o amanhã não existe. E,  cada dia, percebo o quão certa esta afirmação é.

Não importa quanto dinheiro você tenha, você não poderá dar todos os abraços que você não deu, as palavras que não disse, o bom dia que não respondeu. Não vai. Não, o amanhã não existe e o hoje pode durar menos de um minuto.

Então eu digo para você leitor: que seja um minuto bem aproveitado, que seja um minuto de risada, um minuto de abraço, um minuto de beijo. Aproveite o momento. Sim, é clichê. Mas aproveite cada minuto do seu dia, para demonstrar para as pessoas como você se importa com elas. Porque um dia pode ser tarde demais para isso.

Enquanto isso, eu fico aqui, aguardando um telefonema que eu odiarei atender.

Covarde!

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“Esperar por você é como esperar a chuva nessa seca: inútil e decepcionante.” Imagem: aqui!

* Texto inspirado na música “If I had Eyes.” Clique aqui para ouvir, enquanto lê. 🙂
“Sometimes time doesn’t heal
No not at all
Just stand still
While we fall
In or out of love again
I doubt I’m gonna win you back
When you got eyes like that
It won’t let me in
Always looking out”

 

E quando o tempo não cura? E quando procuramos nos livrar da dor que aperta, que machuca, que destrói as esperanças e ela insiste em ficar?

Tudo que as pessoas sabem dizer é: espere o tempo que tudo se resolverá!

Engraçado como o tempo é. Ele te faz pedir para que passe devagar durante aquele beijo apaixonado e te faz implorar que passe rápido quando a paixão acaba.

Você sempre disse que eu tinha um olhar doce e eu sempre gostei de ver a minha imagem refletida em seus olhos. E nosso olhares  que antes se procuravam, hoje se evitam. Eu sempre acreditei que os olhos não mentiam, mas eles mentem,sim eles mentem, você mentiu.

Como faz tirar essas amarras que ficaram em meu coração? Como faz pra me libertar desse aperto na garganta, que me impede de expressar toda a revolta que estou sentindo?

Você me obriga a dizer não, quando eu sempre quis dizer sim. Você disse que sempre lutaria pelo nosso amor, mas foi covarde! Me abandonou, me iludiu, fez com que eu me sentisse única e eu percebi que, para você, eu fui só mais uma.

 Você acha que meu olhar não vai te perdoar, mas nem tentou me reconquistar. Nós poderíamos ficar horas consertando os pregos tortos a que você se refere e construir um lugar só nosso, mas você é covarde demais para tentar.E eu fico aqui, vendo você ir embora, sem sequer olhar para trás, sem me dar um adeus digno. E esperando o tempo passar para uma tentativa vã , de esquecer que um dia você e eu fomos uma história de amor, a mais linda e mais dolorida de todas elas.

Sempre

*Vou colocar o link de uma música que não tem nada a ver com o texto, mas não sai da minha cabeça, é bem bonitinha rs Se quiser ouvir enquanto lê:  https://www.youtube.com/watch?v=sIWgF4QB89A

hqcelebrity.org
We♥It

Sempre vai ter uma canção pra te lembrar aquele idiota que te fez chorar.

Sempre vai ter um lugar que você vai odiar estar , por te fazer lembrar dele.

Sempre vai ter um sorriso ou olhar parecido.

Sempre vai ter um cheiro que não vai sair da sua cabeça.

Sempre terá um dia especial que vai te fazer sofrer para apagar do calendário e fingir que é só mais um dia comum.

Sempre vai ter as mensagens salvas e as ligações ao meio dia.

Sempre vai ter aquela foto linda nas redes sociais, que você não tem coragem de apagar.

Sempre vai ter os trecos que ele te deu de aniversário, de dia dos namorados e de um dia que ele viu na vitrine de uma loja achou a sua cara e te surpreendeu com o presente.

Sempre vai ter a saudade que te impede de se desfazer de todas as coisas ditas anteriormente.

Mas sempre é tempo demais.

E como diz aquela música que você ama: “O pra sempre, sempre acaba”.