Eu juro que eu consigo ouvir o barulho da sua risada quando vejo uma foto que você postou sorrindo;
Juro que posso te reconhecer entre milhares de pessoas só pelo cheiro do perfume que você usa;
Ninguém acredita mas eu tenho uma máquina do tempo! E com ela eu posso voltar para o exato momento que nós nos beijamos na rede pendurada na varanda da tua casa. Para chegar lá? Só ouvir aquela música do Engenheiros do Hawaii que embalou esse precioso momento.
E a cada vez que eu como um pastel com carne moída lembro que é o seu favorito.
E quando eu fico com muita raiva de você todos os meus sentidos ficam aguçados ao encarar cada detalhe seu na minha rotina. Na minha história. Porque depois de tanto tempo parece que tenho em mim muito sobre você. E são tantos detalhes, tão minuciosos e particulares. Tão eu. Tão você. Tão nós. E eu? Eu amo nós.
Refletir sobre o meu passado é como cutucar uma ferida. É admitir que eu não sou inteligente, forte e otimista o tempo todo. É mostrar ao mundo minhas cicatrizes. Mostrar que eu erro. E, que esses erros não acontecem somente de vez em quando, que eles acontecem muito mais do que eu gostaria.
Que apesar de eu me considerar um “ser humano não praticante” que eu sou muito praticante desse meu papel no mundo.
O Senhor Passado, me ensinou severamente, que a vida não é uma linha reta. Não é um caminho, são escolhas. É uma encruzilhada.
Que as certezas de hoje são as incertezas do amanhã. Que nem sempre o que eu escrevo nas folhas finais do caderno irão se realizar.
Que uma lista de desejos pode não seguir uma ordem certa.
Que não adianta ouvir o Horóscopo de manhã e achar que tem todas as respostas ao final do dia.
Que os “amigos para sempre” se eternizam nas categorias de amigos do passado: amigos da escola, amigos da faculdade, amigos da maternidade…
O passado me ensinou que olhos mentem. Que bocas ofendem. Que promessas se perdem.
Eu aprendi com o meu passado que onde há fragilidade há uma força ainda maior que a supere.
Aprendi que somos bonecos de porcelana, que a vida é frágil, que qualquer simples acontecimento do dia a dia pode fazer com que a gente a perda.
Aprendi que o mundo é mais bonito se começamos a elogiar mais em vez de criticar.
Que sucesso é estar de bem consigo mesmo.
Que tudo bem se as coisas não acontecerem na velocidade de uma corrida de fórmula 1.
Que eu tô aqui vivendo, lentamente, aproveitando a paisagem pelo vidro do ônibus.
Que o silêncio é a mais importante de todas as palavras.
Que ficar triste, de vez em quando, faz bem. Porque nos abre os olhos.
Que uma coisa extremamente ruim pode me fazer evoluir (espiritualmente) como pessoa.
Que não importa se uma pessoa fala mentiras sobre você, o mais importante mesmo é o travesseiro estar leve ao dormir.
O passado me ensinou muitas coisas, mas uma das coisas mais marcantes foi a aprender a ser grata.
E, hoje eu tenho tanta gratidão com a minha história que eu considero que ser grata é mais importante que alcançar a famosa “felicidade”.
Porque se a gente é grato com tudo que nos acontece a felicidade vem de brinde!
“Você não pode mudar o passado. Ele sempre foi. Ele sempre será. Mas eu ousaria dizer, você pode aprender alguma coisa com ele…”, frase do filme Alice através do espelho.
Coleguinhas que também fizeram um post com esse mesmo tema e que vale à pena conferir:
Olha quem finalmente veio postar o final desta história! ba dum tss \õ/
Preparem-se para drama, muito drama.
Peço desculpas à todos que queriam muito ler o final da história e agradeço quem esperou e acho super compreensível quem me desistiu de ler o final. Mil desculpas. Espero que gostem do final.
Para quem ainda não leu a história ou quer relembrar alguma parte para não ficar perdido, clique nos links abaixo:
Rodrigo dirigiu até a cidade que ele morava ( e que tinha conhecido Lisbela). Alugou um apartamento e ficou lá por dias fumando e bebendo, afogando as mágoas. E desejando que aquela bebida tivesse o poder de fazê-lo esquecer tudo que tinha vivido até ali. Mas é aí que ele lembrava, ainda que seus pensamentos estivessem confusos. E no outro dia o que restava era uma dor de cabeça horrível e um estômago embrulhado.
Depois que sua mente — e coração– se acalmaram, ele pensou que talvez essa fosse uma oportunidade de procurar Lisbela e…
Mas mil coisas surfgiram em sua cabeça: E se ela estivesse com alguém ? E se ela não quiser me ver? E se… E se…
Rodrigo levantou-se e lembrou que não conquistou ela ficando parado. Em um momento de coragem decidiu que iria procurar Lisbela, iria dizer que a amava e tudo que tinha guardado no peito por todos esses anos. Ainda que voltasse com um “não” como resposta. Era melhor do que conviver com a dor de nunca ter tentado.
Ele foi para frente do emprego de Lisbela e ficou o dia inteiro observando cada passo dela. Seu cabelo tinha alguns fios brancos e ela estava um pouco abatida, mas continuava tão linda quanto a primeira vez que ele a tinha visto.
Ele esperou até a hora dela sair do serviço e a seguiu até a rua de sua casa.
***
Lisbela teve a sensação de que alguém a estava seguindo. E ao olhar para trás, percebeu que havia um homem a espreita atrás de um dos muros de um prédio que estava atrás dela. Ela achou muito suspeito e começou a apertar os passos.
Foi quando ela ouviu que o homem também começou a apressar seus passos e já estava quase alcançando-a. Desesperada ela correu sem olhar para trás.
Até que ouviu o estranho chamar pelo seu nome:
— Lisbela, pare! Pare, sou eu.
Ele nem precisou se identificar, ela reconhecia perfeitamente aquela voz. Ela parou no meio do caminho, seu coração parecia que iria sair pela boca. Ela ficou uns instantes parada de costas para ele.
***
Rodrigo parou. Não sabia o que dizer…
Quando começou a se aproximar ela virou de frente com ele. Por um momento os dois se olharam em silêncio. Até que Lisbela, virou-se novamente de costas e começou a andar.
Rodrigo correu até ficar na frente dela. Segurou seus braços e pediu que conversassem.
Lisbela olhou para ele e disse:
— O que você está fazendo aqui? Eu não quero problemas com a Célia e…
Antes que ela terminasse Rodrigo a interrompeu:
— Eu não estou mais com a Célia.
— Ah, então você acha que é assim? Rodrigo, fazem quase nove anos. N-O-V-E! É tempo demais, já me decepcionei muito com você e não quero sofrer de novo. — Disse Lisbela, indignada, soltando os braços das mãos de Rodrigo.
Lisbela já ia saindo, quando Rodrigo disse algo que a fez parar:
— E você não está sofrendo agora? Não está sofrendo sem mim? Porque eu sofro todos os dias desde que estou sem você. Nessa história toda você falou demais, a Célia falou demais, até minha mãe falou demais mas e eu? Você nem deu a oportunidade de eu me defender, ou pelo menos, de tentar te explicar o que aconteceu. Não, eu não fui correto com você. Eu fui um CANALHA, com letra maiúscula mesmo. Mas se te conforta eu paguei todo o mal que fiz para você. Só quero conversar com você, não vou forçar nada. Mas deixe eu desabafar tudo que está aqui dentro. Depois dessa conversa, juro não te procurar nunca mais se você quiser, mas por favor, me ouça.
Lisbela quase chorou, mas segurou firme. Virou-se para ele e disse:
— Tudo bem, vamos há alguma lanchonete ou restaurante.E conversamos. Mas sem compromisso. Vamos como amigos.
Rodrigo aceitou.Os dois foram andando lado a lado como dois desconhecidos. O silêncio reinava. Rodrigo sugeriu um restaurante e Lisbela concordou. Era perto dali e foram a pé.
Quando chegaram lá, escolheram uma mesa qualquer e pediram dois sucos de laranja.
Rodrigo começou a contar toda a história desde o começo. Contou que havia ficado com Célia em uma festa, que estava muito bêbado e que ela ficou se insinuando para ele. Claro ele não era nenhum animal desesperado por fêmea, mas foi fraco e acabou ficando com ela. Depois daquilo os dois nem haviam conversado mais. Até aquele dia em que ela contou que estava grávida. Ele contou que tentou ser um bom marido para ela. Tentou cumprir seu papel de homem, mas que nunca tinha sido realmente feliz. Contou da segunda criança e que a mãe dele começou a suspeitar das coisas. Contou dos dias em que passou embriagado. Contou como estava sofrendo sem ela. Como a amava mesmo depois de tantos anos.
Lisbela ficou em silêncio, ouvindo atentamente tudo o que ele disse sem esboçar nenhum tipo de reação.
Depois de contar toda a história, ele pegou nas mãos dela. Enquanto as mãos dela estavam suadas as mãos dele estavam frias. Ele olhou para ela e disse:
— Olha, eu estou aqui na sua frente me comprometendo a ser um homem melhor. Eu sei que errei e vou entender se, mesmo depois dessa conversa, você nunca mais quiser olhar na minha cara. E eu prometo que dessa vez eu vou me afastar de verdade. Mas pense bem, não seja orgulhosa, pense no que te faz feliz, pense se vale a pena sofrer só para ter razão. Eu juro que dessa vez eu vou te fazer feliz, juro. Me perdoe por todos os erros que cometi, mas por favor, não esqueça de todas as vezes que eu acertei.
Lisbela começou a chorar. Olhou para ele.
— E..eu não sei. Por favor, não faça isso comigo. É claro que eu te amo e nunca vou te esquecer. Mas você me machucou demais. Não sei mais se consigo ficar com você.
— Eu entendo. Mas não aceito. Pense, nós estamos envelhecendo, não vale a pena perder o amor da sua vida por orgulho.
— Eu sei, mas não sei se consigo.
— Tudo bem. Olha para mim. Faz assim: Eu te dou uma semana para decidir, para pensar se você disser não, eu vou embora para nunca mais voltar, prometo. — disse enquanto enxugava as lágrimas de seu rosto.
Rodrigo foi acompanhando Lisbela até a sua casa, já era tarde e onde ela morava costumava ser muito perigoso à noite.
Quando eles chegaram lá, Rodrigo já ia indo embora quando Lisbela o puxou pelo braço e roubou-lhe um beijo. Ele entendeu: a decisão já havia sido tomada. Lisbela pensou bem e percebeu que não valeria viver longe da pessoa que ela amava, trocou a razão pelo coração e estava disposta a lidar com as possíveis consequências que isso acarretaria. A prioridade agora era ser feliz.
Naquela noite os dois dormiram juntos e assim foi nos dois anos seguintes. Anos muito felizes, aliás.
Eles estavam tentando engravidar, sem sucesso. Então decidiram buscar um médico para ajudá-los. Fizeram vários exames e receberam a noticia de que Rodrigo estava com câncer de próstata.
Os dois choraram muito. Lisbela tentava ser forte, mas estava muito preocupada com Rodrigo.
Os meses foram passando e mesmo fazendo tratamento, a doença não dava trégua. O câncer havia se espalhado por várias partes do corpo. Já não tinha mais nada para ser feito. Então os dois resolveram aproveitar o máximo de tempo juntos, intensamente o amanhã era cada dia mais incerto. Lisbela não se conformava, depois de tanto tempo sofrendo separados, quando finalmente conseguiram ficar juntos surgiu essa doença para atrapalhar. Rodrigo ficava bravo quando ela questionava Deus. Ele era religioso e estava tranquilo, triste sim, mas tranquilo e grato por ter conhecido ela, por ter a oportunidade de compartilhar um pouco da sua vida com uma pessoa tão especial.
Rodrigo ainda viveu um ano. Foi triste, foi doloroso, mas os dois aproveitaram cada minuto juntos. Até que em um dia de primavera aqueles lindos olhos cor de mel se fecharam para sempre.
Para Lisbela, nada no mundo conseguiria substituir a presença de Rodrigo. Tanto que mesmo vinte cinco anos depois da morte dele, ela nunca mais se relacionou com ninguém, não conseguia. Ela dizia que o amor deles era único e especial, nada poderia substituir. As vezes, ela tinha a sensação de que ele estava junto dela, ela podia até sentir o seu perfume no ar.
Eu fiquei surpresa quando Lisbela me contou essa história. Parecia história de filme. Me deixou sem palavras, tudo que eu queria era entender porque tantas coisas ruins tinham acontecido na vida daquele casal e eu também fiquei triste pelo final. Lisbela me disse que não era para eu ficar triste que ela não ficava triste, porque Rodrigo só lhe causava pensamentos felizes e tudo que ela lembrava era o quanto tinha sido feliz ao lado dele. E também me disse que o final deles ainda não tinha chegado e que ela sonhava encontrá-lo em um outro plano espiritual. Ela me disse:
— Menina, você é jovem. Não deixe que o orgulho destrua um grande amor. Muitos dizem que o amor verdadeiro não existe, mas ele existe sim e está bem na cara de quem o quer ver. Viva o amor. Ame. Mesmo que o final não seja feliz como nos contos de fadas, o amor sempre vale à pena.
Foi então que o Ônibus dela chegou e eu a vi indo embora. Eu já tinha ouvido muitas histórias, mas sem dúvidas essa foi a mais impressionante (e triste) que já ouvi. Indubitavelmente, Lisbela e Rodrigo serão personagens da vida real que eu nunca esquecerei.
Um dia me perguntaram se eu achava que o amor realmente existia.
Hesitei. Que pergunta descabida! Mas é claro que o amor existe.
Eu sei e compreendo perfeitamente porque há tanta dificuldade de acreditar na veracidade do amor, afinal há tantas traições, falta de respeito, de parceria, falta de amor mesmo. Acaba ficando meio difícil acreditar que o amor ainda exista.
Mas o maior problema das pessoas é limitar o amor apenas a relacionamentos. Amar os outros é realmente maravilhoso. Ter alguém para andar de mãos dadas nos momentos difíceis é incrível. Mas se você começa a focar muito nisso, acaba achando que se o relacionamento acabar o amor também acabou, o amor já não existe mais.
E é comum que a gente não enxergue o amor nos nossos dias mais cinzas.
Mas acreditem o amor existe e ele é imensurável. Não subestime o amor.
Eu repito sem medo: O amor existe basta olhar quanto amor tem a nossa volta.
E como eu sei disso? Porque eu vejo amor todos os dias. Onde eu vejo? Quando o sol se põe e muda a cor do céu, vejo em uma flor que encontro no caminho, no sorriso do meu filho. Sim, eu definitivamente acredito no amor e por acreditar nele eu faço questão de espalhar um pouquinho em cada lugar por onde passo. Se as pessoas deixam se contaminar por coisas negativas, quem sabe a positividade e o amor também “contaminam”, eu como boba romântica que sou, vou continuar acreditando no amor e torcerei para que mais pessoas acreditem. ❤
Em pleno terceiro dia de BEDA eis que surge o bendito bloqueio criativo. ba dum tss 😦 Por sorte eu sempre deixo alguns textos em rascunho. Espero que gostem. ❤
Aparece qualquer dia, que é pra gente ouvir Legião, ficar por horas analisando o conteúdo das letras.
A gente pode inventar um monte de histórias de terror, pra depois servir de pretexto para dormir agarradinho.
Vai, aparece por aqui. Se você vir mesmo, prometo fazer a minha especialidade culinária: brigadeiro de panela. Depois posso te obrigar a assistir minhas comédias — bobas — românticas e você me obriga a assistir seus filmes de ação e explosão.
Você pode sugerir que a gente assista a algum filme de herói, talvez a gente discuta porque você prefere os heróis da Marvel e eu da DC, mas no fim concordamos que (embora eu prefira os heróis da DC) as melhores adaptações cinematográficas são mesmo as da Marvel (fazer o que :/).
Aparece aí, vai! Esquece aquilo que eu falei, sobre odiar surpresas e vem, mesmo que seja sem avisar. Você vai poder perceber na expressão do meu rosto, que essa foi a melhor surpresa que tive na vida.
Vem. Vem que prometo fazer um monte de careta pra te fazer rir, em um dia chato.
E então a gente relembra toda a programação da Tv Cruj. Em seguida, você bem podia fazer um cafuné e por um segundo seríamos só nós dois e os problemas ficariam bem pequeninhos.
Hey, people. O meu blog tá meio abandonado (motivo: gripe que não me abandona, nem abandona a minha família :/)
Para tentar dar uma animadinha por aqui, resolvi tentar encarar o BEDA (Que consiste em criar um post por dia, durante o mês de Agosto).
Vou seguir as sugestões do Henrique para me dar Norte, espero que gostem. Vou tentar criar narrativas para os temas, no dia que não conseguir, farei um post normal. Perdoem os textos que não ficarem tão bons.
P.S.: Para quem quer ler o final do ” O moço dos olhos cor de mel, fiquem atentos. Até sexta-feira, sem falta, publicarei o último capitulo. ❤
Adele sempre foi muito apegada a cheiros, pessoas e lugares. Ela amava lugares que tivessem água: rios, lagos, mar. E se sentia extremamente feliz nesses lugares, como se eles fossem os melhores lugares do mundo.
Outro lugar que sempre a deixou feliz foi o gramado de sua casa, de lá ela poderia ficar horas observando o céu azul e tentando adivinhar os desenhos nas nuvens(quase sempre ela via desenhos de anjos).
A janela do carro ou ônibus era melhor que qualquer programação da televisão, ela admirava a beleza do sol passando entre as nuvens, admirava o pasto verde e os bois se acomodando na sombra das grandes árvores. E os pássaros brincando no céu. Tudo era muito belo, nessas horas ela tinha certeza que a criação de Deus era mesmo perfeita Embora ela tivesse paixão pela luz do dia, tinha fascínio pela noite, pela lua iluminando o céu, pelas árvores secas que via pelo caminho, pelos sons dos bichos da noite, ela ficava encantada com tudo o que podia ver. Dormir no ônibus ? Nem pensar, ela não poderia perder a paisagem.
Ela não contava pra ninguém, mas tinha um paraíso particular: o seu quarto. Lá ela ouvia músicas, ria lembrando de tudo de bom que tinha passado no dia, ou chorava por alguma decepção, as quatro paredes do quarto sempre foram suas confidentes fiéis. De manhãzinha os passos da mãe a deixavam confortada. Ela sabia que ali ela era feliz.
Demorou, mas um dia Adele descobriu que o melhor lugar do mundo é aquele onde ela se sente bem, onde ela pode aproveitar a companhia das pessoas que ama ou de aproveitar a sua própria companhia, porque as vezes a solidão também é necessária. Um lugar legal pode estar dentro do quintal.
Seu lugar favorito era qualquer lugar onde ela encontrasse um tiquinho de felicidade, nem que fosse em coisas “não caras”. Porque a maior felicidade ainda é aquela que não tem preço.
♥ Sugestão de música (que não tem absolutamente nada a ver com o texto haha): Velha infância
Google Imagens (se for o dono da imagem, por favor, avise!)
N.A: Hoje é o dia dos avós. E essa data sempre me deixa um pouco triste. 😦
Porque eu nunca tive nem avô, nem avó. Não tive puxão de orelha, nem fiz parte dos encontros de final de ano. Não tirei foto com meus avós. Quando eu tinha 8 anos fui à casa que eles moraram. E encontrei uma casa vazia: sem móveis e sem vida. A única coisa que me alegrou foi poder andar pela casa grande de madeira e imaginar todos ali. E no dia seguinte, quando eu abri a janela tinha um lindo jardim do lado de fora. E até hoje eu sorrio ao lembrar é como se meus avós me dissessem “bom dia!”
Há alguns anos atrás, eu escrevi (em outro blog) sobre isso e vou compartilhar com vocês.
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Tenho um filho de oito meses, e ao observar o relacionamento dele com as avós , fiquei pensando : “que coisa mais boa ter vó”.
Quando eu era criança , sempre ouvia os meus coleguinhas de sala dizendo que iriam almoçar na casa da avó, que iriam passar a tarde na casa dela; contavam as histórias (causos) que a avó lhes contava, e quando a professora passava algum trabalho — por exemplo, pegar folhas de árvores, livros antigos, etc — eles diziam : na minha vó deve ter.
E eu ficava sempre de lado, observando, ficava muito triste, porque eu não tinha avó, nenhuma !
A mãe do meu pai morreu anos antes de eu nascer.
E a minha mãe é adotiva, a mãe dela adotiva também faleceu antes do meu nascimento, e a mãe biológica é desaparecida.
As vezes eu me pegava olhando as velhas fotografias do meu pai, e ficava horas imaginando como seria se minha avó estivesse viva, como seria seu abraço, sua voz, seu sorriso, a cor e a textura de seus cabelos, o jeito de olhar, o cheiro, e até ficava imaginando como ela iria brigar comigo. As vezes até sonhava que ela estava viva. Era (é) muito triste.
Vocês não tem noção de como eu senti falta de ter uma vó!
Por vezes me senti até injustiçada por não ter uma.
Acho que é por isso, que estou sempre disposta a ouvir as histórias que os mais velhos tem pra contar; quando eu ia à casa das minhas amigas e as avós delas vinham conversar , eu ficava lá, que nem uma boba ouvindo encantada todas as histórias, talvez por isso também, eu seja encantada por aquelas vovós de antigamente : de cabelos brancos, voz macia, e cheiro de naftalina. Ai, como eu queria ter uma avó!
Mas o que me deixa feliz é que pelo menos meu filho tem a oportunidade de conviver com as avós, diferente de mim, ele vai saber como é gostoso ter uma, o carinho, os presentes , as broncas…
Quanto a mim, sempre vou viver procurando a minha avozinha em todas as senhoras de cabelo cor de nuvem, pele marcada pelo tempo e experiência, e esperar (e torcer) para que um dia eu possa ser uma delas, e já que eu não pude saber como era ser neta, que eu saiba ao menos como é ser avó, e que eu possa ser a avó que eu sempre desejei ter.
Rodrigo passou meses tentando conversar com Lisbela , que o ignorou.
A mãe de Rodrigo convenceu Rodrigo a casar com Célia, pois a família deles era tradicional e seria uma vergonha que ele não assumisse a mãe de seu filho.
Eles esperaram que a poeira sobre o término do noivado com Lisbela abaixasse. E então fizeram um cerimônia simples para o casamento dele com Célia.
Rodrigo não se conformava de ter perdido Lisbela, não se conformava de ter feito ela sofrer.
Como moravam na mesma cidade era inevitável que se vissem de vez em quando. Lisbela nunca desviou o olhar, sempre olhou profundamente em seus olhos e quando isso acontecia Rodrigo sentia toda a dor que aquele olhar lhe trazia. Ela estava sofrendo muito e ele sabia que era injusto que ela sofresse por um erro que ele cometeu. Por esse motivo, decidiu pedir transferência e ir para outra cidade, dizem que “o que os olhos não veem o coração não sente”, talvez se Lis deixasse de vê-lo ela sofreria menos, pelo menos foi isso que ele pensou que aconteceria…
***
Sete anos depois, Lisbela ainda pensava em Rodrigo. Ela pensava todos os dias em como as coisas poderiam ser diferentes se tudo aquilo não tivesse acontecido.
Ela sabia que Rodrigo tinha uma menina e que Celia estava grávida do segundo filho do casal. Isso a entristecia, ela não odiava as crianças, afinal elas não tinham culpa do que havia acontecido, não odiava Célia, porque Rodrigo era comprometido e deveria ter respeitado ela, mas por mais que tentasse, não conseguia odiar Rodrigo. O amor que nutria por ele era tão grande que ela seria incapaz de sentir qualquer sentimento ruim.
Ela sentia dor, sentia-se só. E tinha inveja de Célia por ter a vida que ela gostaria que fosse dela. De Rodrigo ela sentia saudade, daquele tipo que a gente só sente quando a pessoa morre. Porque para ela Rodrigo havia morrido. Ele nunca mais poderia ser dela.
Lis até tentava outros relacionamentos, mas não conseguia fazer que durassem. Nenhum deles era capaz de substituir o que ela e Rodrigo haviam vivido. Ela sabia, que no fundo, nada nunca seria igual. Nas histórias românticas as amantes sempre levam a pior e ficam sozinhas, mas desta fez a mocinha é quem estava.
Mas, o mundo costuma girar e colocar cada pessoa em seu lugar, por mais que demore.
***
Rodrigo também não conseguia esquecer Lisbela. Mas cumpria seu papel de pai e esposo. Ela tinha uma paixão enorme por Maria Luísa, sua filha. E agora, por Victor Hugo, seu filho de um mês.
Porém, algo estava errado e quem percebeu isso foi a mãe de Rodrigo. Ela viva levantando dúvidas sobre a aparência de Victor Hugo.
— Rodrigo, olhe para o Victor Hugo! Ele não se parece com a Célia, não se parece com você e nem com ninguém da família. Ele é muito diferente. Não sei não, viu? Se eu fosse você pediria um exame de DNA. Essa sua esposa não é flor que se cheire e eu não confio nela. — Dizia ela.
Rodrigo começou a ficar encucado. Realmente o menino não tinha nenhum traço dos familiares. Mas isso não significava nada, talvez fosse só implicância da mãe dele, que odiava Célia. Mesmo assim, esse assunto o fez perder o sono por tantos dias. Que ele acabou decidindo fazer o exame e tirar a dúvida de vez. Assim a mãe ficaria quieta e ele tranquilo.
Obviamente Célia sentiu-se ofendida e não queria fazer o teste. O que causou ainda mais dúvida na cabeça de Rodrigo. Foram cinco meses até que ele, finalmente conseguisse fazer o exame.
Depois de um tempo saiu o resultado. As mãos de Rodrigo suavam.
Ele abriu o exame. E para a sua decepção, o exame confirmou que ele não era pai de Victor Hugo. Ele voltou para casa revoltado. Célia se defendia, dizia que ele tinha pagado pelo resultado. Ele lhe deu um tapa na cara e disse:
— Deixe de ser sonsa! Eu nunca faria isso. Diferente de você, eu tenho caráter.
— Sonsa!? Sonso é você que há sete anos assumiu dois filhos que não são seus. Você se acha muito esperto, né Rodrigo? Mas você é um burro, um ignorante. Se fosse esperto teria pedido desde o começo o exame de DNA. — retrucou Célia, chorando e gritando para quem quisesse ouvir.
— Não, você não fez isso comigo! A Maria Luísa é minha filha sim, eu sei que é. Você sabia que eu estava noivo, eu perdi tudo que tinha por sua culpa. — Rodrigo respondeu indignado.
Célia só riu. E ele, em momento de fúria ergueu a mão para batê-la. Ela segurou seu braço e disse:
— Vá em frente! Estou louca para arrancar mais dinheiro de você e de quebra ainda te deixaria preso! T-r-o-u-x-a.
Rodrigo conteve-se pegou a chave do carro e foi embora. Alugou um hotel para passar a noite e ligou para sua mãe contando toda a história.
A mãe dele o aconselhou a fazer o exame de DNA da menina também. E foi o que ele fez.
No dia seguinte, sem que Célia soubesse, ele buscou a menina na escola e a levou para a Clínica.
Célia ficou possessa e o proibiu de ver a menina daquele dia em diante. Ele não queria isso, mas Célia deixou claro que ele não era o pai e que ela não permitiria mais a presença dele na vida da criança. Maria Luísa chorou muito abraçada ao pai e Célia a obrigou a entrar no carro e ir embora.
Três meses depois, o exame chegou. Ele abriu e leu o laudo do teste que afirmava que ele também não era o pai de Maria Luísa.
Já percebeu como tudo que é bom parece fazer o tempo voar? E também foi assim com a história de Lisbela e Rodrigo. Já haviam se passado dois anos, desde que se conheceram e de súbito se apaixonaram.
Agora estavam na correria dos preparativos do casamento. Foi preciso menos de um ano para desejarem ser um do outro para sempre, por questões familiares decidiram que iriam formalizar e fazer uma grande cerimônia para comemorar. Os amigos diziam que seria o “casamento do ano”.
Lisbela estava radiante , de repente parecia que o mundo inteiro resolveu se casar e onde ela ia só via coisas relacionadas a esse tema.
Parecia tudo perfeito, mas na vida real é muito mais difícil que a ficção e nem sempre as histórias tomam os rumos que queremos. Embora sejamos autores de nossas próprias histórias, as vezes, cometemos deslizes e na vida real não tem revisão, uma rasura será sempre uma rasura e não há nada que possa mudar isso.
Faltavam duas semanas para o casamento e Lisbela tinha acabado de provar o vestido, faltava só alguns detalhes na decoração. Ela estava tão empolgada! Queria dividir essa felicidade com alguém, mas não poderia ser com qualquer um, tinha que ser com Rodrigo. Queria contar tudo que tinha provado e escolhido para o grande dia.
Foi ao banco e ao chegar lá viu ele conversando com Célia, uma colega de trabalho, loira, dos olhos verdes e corpo escultural, obviamente Lisbela a considerava insuportável. Percebeu que os dois conversavam exaltados, Rodrigo punha as mãos na cabeça e ela dizia algo em seu ouvido. Lisbela não gostou nada daquilo. O que será que estava acontecendo? Ela chegou devagar, Célia olhou-a de baixo e com um sorriso, cumprimentou-a. Lis sentiu um pouco de perversidade naquele sorriso.
— Olá, querida. Tudo bem? — disse Célia dando beijinhos no rosto de Lisbela, que sem graça respondeu com outro sorriso. Assentindo a cabeça em resposta afirmativa.
Célia continuou a fala:
— Deixarei vocês dois conversando, vocês tem muito que conversar e …
Rodrigo grosseiramente disse:
— Por favor, Célia. Saia! Ou te tiro daqui eu mesmo.
Célia ergueu as mãos para o alto e chacoalhou em sinal de deboche.
Rodrigo deu uma forte suspirada e fez sinal com as mãos para que Lis se aproximasse. Ela toda tímida foi e sentou em seu colo.
Está tudo bem, amor? — Disse ela
Ele respondeu, passando a mão pelos seus cabelos:
— Sim, amor. Desculpe, é que a Célia me tira do sério. Mas vamos falar de nós dois. Conte-me porque veio me visitar. Ah, já sei não resistiu de saudade, né?
Lisbela riu.
— Ah , claro. Ainda bem que esse problema vai acabar logo. Daqui uns dias eu vou querer que você fique longe de mim. Isso sim.
— Nunca, você não conseguirá resistir ao meu perfume e ao meu jeito …
— Convencido de ser! hahahah — completou Lisbela aos risos.
Célia observava de sua mesa, incomodada com as demonstrações de amor do casal. Ela pensou : “Irei acabar com isso agora mesmo.” Pegou um papel que havia imprimido , levantou-se o foi até a mesa de Rodrigo. Esticou o braço com a folha estirada na cara dele e de sua noiva.
— Aqui está a prova que me pediu. Espero que agora não reste nenhuma dúvida…
Lisbela ficou sem entender , até ler em letras garrafais a palavra POSITIVO, no papel que Célia segurava.
Rodrigo e Célia começaram a discutir. Lisbela interrompeu os dois. Dirigindo-se a Rodrigo perguntou, com a folha em suas mãos:
— O que é isso?Rodrigo, diga , me explique agora.
Como resposta ela teve silêncio dos dois.
Ela sentiu uma raiva tão grande , que seu corpo tremia todo. Saiu pisando duro para fora do banco. Todo mundo lançou o olhar para os três. E os cochichos começaram.
Rodrigo foi correndo atrás dela . Pegou-a pelo braço.
— Espere, por favor, eu posso explicar. Não vá assim!
— Eu só quero uma resposta. Ficou óbvio que aquela desqualificada está grávida, mas quero saber se há a probabilidade desse filho ser seu.
Rodrigo calou-se e ficou olhando para ela. Com os olhos cheios de lágrimas.
— Ok, isso já responde a minha pergunta. Adeus!
Ele apertou com mais força o braço dela. Puxou-a para perto tentando dar-lhe um abraço. Ela se mexia tentando soltar dele.
— Solte o meu braço agora. A-G-O-R-A! Me deixe ir.
— Não, por favor. Eu quero te explicar, por favor não me rejeite, não me deixe! Eu te amo.
Lisbela chorando. Olhou para ele com um olhar raivoso. Os olhos dele marejados, já não pareciam cor de mel, estavam esverdeados . Soltou seu braço e o deixou para trás chorando e chamando por seu nome. Pela primeira vez na vida ela não respondeu com reciprocidade o “Eu te amo” proferido por ele. Ela queria dizer que não o amava mais, mas estaria mentindo para si mesma.
{continua…}
Agradeço a todos os comentários amáveis que recebi nos posts anteriores e peço mil desculpas para a demora nas continuações, estão com problemas na internet e não estava carregando a página de posts. Mas agora o problema foi resolvido (pelo menos é o que espero rs). Abraços! ❤
Hoje eu acordei decidida a viver o dia da melhor forma possível. Vesti aquela roupa que há anos sinto vergonha de usar porque meu corpo não tá lá essas coisas. Decidi cortar uma franja e passar o meu batom vermelho as dez horas da manhã.
Neste dia vou ignorar qualquer opinião a meu respeito. Opiniões só nos atingem se deixarmos. Tô evitando essa gente chata, que gosta de me colocar pra baixo. Tô bem, tô feliz mesmo e tô nem ligando pra todos esses padrões.
Acordei com disposição de fazer tudo que tenho vontade: de comer brigadeiro, de sair que nem uma louca com minha câmera nas mãos registrando os detalhes que percebo.
Hoje vou dançar, girar até erguer o meu vestido. Vou cantar como se estivesse no chuveiro, vou sorrir para um estranho na rua e dar bom dia até para as árvores que estiverem no caminho.
A decisão de ser feliz pertence somente a mim, e estou pronta para ser feliz do meu jeitinho.
Como é bom sentir-se assim: Livre!
Aquela liberdade de saber que posso ser quem eu quiser. No jeito que eu quiser. Os outros podem rir, para mim eles estarão rindo para mim e não de mim. Porque as coisas começam a ficar diferentes quando as vemos de perspectivas diferentes.
Hoje não preciso que ninguém me diga que estou linda, porque é assim que me sinto. É um reflexo, de dentro para fora e essa a beleza mais bonita que existe.
Hoje eu acordei linda e ninguém vai me provar o contrário.