Olha quem finalmente veio postar o final desta história! ba dum tss \õ/
Preparem-se para drama, muito drama.
Peço desculpas à todos que queriam muito ler o final da história e agradeço quem esperou e acho super compreensível quem me desistiu de ler o final. Mil desculpas. Espero que gostem do final.
Para quem ainda não leu a história ou quer relembrar alguma parte para não ficar perdido, clique nos links abaixo:
♥ Parte 1
♥ Parte 2
♥ Parte 3
♥ Parte 4

Rodrigo dirigiu até a cidade que ele morava ( e que tinha conhecido Lisbela). Alugou um apartamento e ficou lá por dias fumando e bebendo, afogando as mágoas. E desejando que aquela bebida tivesse o poder de fazê-lo esquecer tudo que tinha vivido até ali. Mas é aí que ele lembrava, ainda que seus pensamentos estivessem confusos. E no outro dia o que restava era uma dor de cabeça horrível e um estômago embrulhado.
Depois que sua mente — e coração– se acalmaram, ele pensou que talvez essa fosse uma oportunidade de procurar Lisbela e…
Mas mil coisas surfgiram em sua cabeça: E se ela estivesse com alguém ? E se ela não quiser me ver? E se… E se…
Rodrigo levantou-se e lembrou que não conquistou ela ficando parado. Em um momento de coragem decidiu que iria procurar Lisbela, iria dizer que a amava e tudo que tinha guardado no peito por todos esses anos. Ainda que voltasse com um “não” como resposta. Era melhor do que conviver com a dor de nunca ter tentado.
Ele foi para frente do emprego de Lisbela e ficou o dia inteiro observando cada passo dela. Seu cabelo tinha alguns fios brancos e ela estava um pouco abatida, mas continuava tão linda quanto a primeira vez que ele a tinha visto.
Ele esperou até a hora dela sair do serviço e a seguiu até a rua de sua casa.
***
Lisbela teve a sensação de que alguém a estava seguindo. E ao olhar para trás, percebeu que havia um homem a espreita atrás de um dos muros de um prédio que estava atrás dela. Ela achou muito suspeito e começou a apertar os passos.
Foi quando ela ouviu que o homem também começou a apressar seus passos e já estava quase alcançando-a. Desesperada ela correu sem olhar para trás.
Até que ouviu o estranho chamar pelo seu nome:
— Lisbela, pare! Pare, sou eu.
Ele nem precisou se identificar, ela reconhecia perfeitamente aquela voz. Ela parou no meio do caminho, seu coração parecia que iria sair pela boca. Ela ficou uns instantes parada de costas para ele.
***
Rodrigo parou. Não sabia o que dizer…
Quando começou a se aproximar ela virou de frente com ele. Por um momento os dois se olharam em silêncio. Até que Lisbela, virou-se novamente de costas e começou a andar.
Rodrigo correu até ficar na frente dela. Segurou seus braços e pediu que conversassem.
Lisbela olhou para ele e disse:
— O que você está fazendo aqui? Eu não quero problemas com a Célia e…
Antes que ela terminasse Rodrigo a interrompeu:
— Eu não estou mais com a Célia.
— Ah, então você acha que é assim? Rodrigo, fazem quase nove anos. N-O-V-E! É tempo demais, já me decepcionei muito com você e não quero sofrer de novo. — Disse Lisbela, indignada, soltando os braços das mãos de Rodrigo.
Lisbela já ia saindo, quando Rodrigo disse algo que a fez parar:
— E você não está sofrendo agora? Não está sofrendo sem mim? Porque eu sofro todos os dias desde que estou sem você. Nessa história toda você falou demais, a Célia falou demais, até minha mãe falou demais mas e eu? Você nem deu a oportunidade de eu me defender, ou pelo menos, de tentar te explicar o que aconteceu. Não, eu não fui correto com você. Eu fui um CANALHA, com letra maiúscula mesmo. Mas se te conforta eu paguei todo o mal que fiz para você. Só quero conversar com você, não vou forçar nada. Mas deixe eu desabafar tudo que está aqui dentro. Depois dessa conversa, juro não te procurar nunca mais se você quiser, mas por favor, me ouça.
Lisbela quase chorou, mas segurou firme. Virou-se para ele e disse:
— Tudo bem, vamos há alguma lanchonete ou restaurante.E conversamos. Mas sem compromisso. Vamos como amigos.
Rodrigo aceitou.Os dois foram andando lado a lado como dois desconhecidos. O silêncio reinava. Rodrigo sugeriu um restaurante e Lisbela concordou. Era perto dali e foram a pé.
Quando chegaram lá, escolheram uma mesa qualquer e pediram dois sucos de laranja.
Rodrigo começou a contar toda a história desde o começo. Contou que havia ficado com Célia em uma festa, que estava muito bêbado e que ela ficou se insinuando para ele. Claro ele não era nenhum animal desesperado por fêmea, mas foi fraco e acabou ficando com ela. Depois daquilo os dois nem haviam conversado mais. Até aquele dia em que ela contou que estava grávida. Ele contou que tentou ser um bom marido para ela. Tentou cumprir seu papel de homem, mas que nunca tinha sido realmente feliz. Contou da segunda criança e que a mãe dele começou a suspeitar das coisas. Contou dos dias em que passou embriagado. Contou como estava sofrendo sem ela. Como a amava mesmo depois de tantos anos.
Lisbela ficou em silêncio, ouvindo atentamente tudo o que ele disse sem esboçar nenhum tipo de reação.
Depois de contar toda a história, ele pegou nas mãos dela. Enquanto as mãos dela estavam suadas as mãos dele estavam frias. Ele olhou para ela e disse:
— Olha, eu estou aqui na sua frente me comprometendo a ser um homem melhor. Eu sei que errei e vou entender se, mesmo depois dessa conversa, você nunca mais quiser olhar na minha cara. E eu prometo que dessa vez eu vou me afastar de verdade. Mas pense bem, não seja orgulhosa, pense no que te faz feliz, pense se vale a pena sofrer só para ter razão. Eu juro que dessa vez eu vou te fazer feliz, juro. Me perdoe por todos os erros que cometi, mas por favor, não esqueça de todas as vezes que eu acertei.
Lisbela começou a chorar. Olhou para ele.
— E..eu não sei. Por favor, não faça isso comigo. É claro que eu te amo e nunca vou te esquecer. Mas você me machucou demais. Não sei mais se consigo ficar com você.
— Eu entendo. Mas não aceito. Pense, nós estamos envelhecendo, não vale a pena perder o amor da sua vida por orgulho.
— Eu sei, mas não sei se consigo.
— Tudo bem. Olha para mim. Faz assim: Eu te dou uma semana para decidir, para pensar se você disser não, eu vou embora para nunca mais voltar, prometo. — disse enquanto enxugava as lágrimas de seu rosto.
Rodrigo foi acompanhando Lisbela até a sua casa, já era tarde e onde ela morava costumava ser muito perigoso à noite.
Quando eles chegaram lá, Rodrigo já ia indo embora quando Lisbela o puxou pelo braço e roubou-lhe um beijo. Ele entendeu: a decisão já havia sido tomada. Lisbela pensou bem e percebeu que não valeria viver longe da pessoa que ela amava, trocou a razão pelo coração e estava disposta a lidar com as possíveis consequências que isso acarretaria. A prioridade agora era ser feliz.
Naquela noite os dois dormiram juntos e assim foi nos dois anos seguintes. Anos muito felizes, aliás.
Eles estavam tentando engravidar, sem sucesso. Então decidiram buscar um médico para ajudá-los. Fizeram vários exames e receberam a noticia de que Rodrigo estava com câncer de próstata.
Os dois choraram muito. Lisbela tentava ser forte, mas estava muito preocupada com Rodrigo.
Os meses foram passando e mesmo fazendo tratamento, a doença não dava trégua. O câncer havia se espalhado por várias partes do corpo. Já não tinha mais nada para ser feito. Então os dois resolveram aproveitar o máximo de tempo juntos, intensamente o amanhã era cada dia mais incerto. Lisbela não se conformava, depois de tanto tempo sofrendo separados, quando finalmente conseguiram ficar juntos surgiu essa doença para atrapalhar. Rodrigo ficava bravo quando ela questionava Deus. Ele era religioso e estava tranquilo, triste sim, mas tranquilo e grato por ter conhecido ela, por ter a oportunidade de compartilhar um pouco da sua vida com uma pessoa tão especial.
Rodrigo ainda viveu um ano. Foi triste, foi doloroso, mas os dois aproveitaram cada minuto juntos. Até que em um dia de primavera aqueles lindos olhos cor de mel se fecharam para sempre.
Para Lisbela, nada no mundo conseguiria substituir a presença de Rodrigo. Tanto que mesmo vinte cinco anos depois da morte dele, ela nunca mais se relacionou com ninguém, não conseguia. Ela dizia que o amor deles era único e especial, nada poderia substituir. As vezes, ela tinha a sensação de que ele estava junto dela, ela podia até sentir o seu perfume no ar.
Eu fiquei surpresa quando Lisbela me contou essa história. Parecia história de filme. Me deixou sem palavras, tudo que eu queria era entender porque tantas coisas ruins tinham acontecido na vida daquele casal e eu também fiquei triste pelo final. Lisbela me disse que não era para eu ficar triste que ela não ficava triste, porque Rodrigo só lhe causava pensamentos felizes e tudo que ela lembrava era o quanto tinha sido feliz ao lado dele. E também me disse que o final deles ainda não tinha chegado e que ela sonhava encontrá-lo em um outro plano espiritual. Ela me disse:
— Menina, você é jovem. Não deixe que o orgulho destrua um grande amor. Muitos dizem que o amor verdadeiro não existe, mas ele existe sim e está bem na cara de quem o quer ver. Viva o amor. Ame. Mesmo que o final não seja feliz como nos contos de fadas, o amor sempre vale à pena.
Foi então que o Ônibus dela chegou e eu a vi indo embora. Eu já tinha ouvido muitas histórias, mas sem dúvidas essa foi a mais impressionante (e triste) que já ouvi. Indubitavelmente, Lisbela e Rodrigo serão personagens da vida real que eu nunca esquecerei.