Ela estava de costas, mas pode sentir aquele cheiro do melhor perfume do mundo. Podia fechar os olhos e antes dele chegar como de costume, e falar ao pé do ouvido:
— Oi, mocinha.
Aquele cheiro de arrancar sorrisos. Ela deixava ele pensar que fazia surpresas, mas o cheiro de perfume o denunciava.
E, todas as vezes que alguém passava usando o mesmo perfume ela lembrava dele. E que saudade que dava!
O amor é uma junção de cheiros, sorrisos, abraços. Inverno debaixo do cobertor e um filme bobo no televisor.
É compartilhar uma pizza e maratonar uma série da Netflix.
É andar de mãos dadas no meio da multidão.
É olhar para a outra pessoa e pensar: “Poxa, que sorte a minha!”
Se quiser um vaguinha aqui em meu coração já aviso: não é uma tarefa fácil.
Amo o natal. Então você vai se ver com uma criança encantada pelas luzes nessa época do ano. Você vai ver eu me punir por querer um vestido lindo na vitrine, mas não querer levar por lembrar que existem coisas muito mais importantes que presentes.
Você vai ver que eu não gosto de gastar dinheiro (nem tempo) com bobagens. Eu definitivamente não sou a louca dos “shoppings”.
Eu sou indecisa. Então não me obrigue a fazer decisões difíceis. Eu tenho a péssima mania de fazer escolhas ruins.
Não reclame porque eu gosto de ficar de pijama o dia todo nos domingos. Nem porque eu canto desafinada enquanto arrumo a casa.
Não repare quando eu erro os acordes no violão, eu toco com o coração e meu coração aceita meus erros.
Não cobre para que eu me pareça alguém que você conheça. Eu sou diferente de tudo o que você já viu.
De vez em quando eu vou falar dormindo, mas não se assuste que logo eu volto a dormir. Ah, e escute a história dos meus sonhos com atenção.
Você é um cara de sorte, afinal é super difícil eu ter Tpm. Mas quando eu tiver, para o seu próprio bem, mantenha a distância . Ah, e faça silêncio, nesses dias eu amo o silêncio.
Não implique com o meu cabelo, nem por eu gostar de tomar banho antes de dormir.
E, por favor, não tente mudar quem eu sou. Nem tente controlar a minha vida. Namorar não é prender o outro perto de si é libertá-lo sabendo que ele sempre voltará onde se sente mais seguro.
Não me deixe com incertezas, eu sou insegura e isso me fará sofrer. Quando eu falar com você olhe nos meus olhos, eu odeio sentir que não estão prestando atenção no que digo.
Quando eu ficar quieta demais, se preocupe. O meu silêncio é de um barulho imenso.
Deixe eu ficar um tempo só. Não me leve à mal, eu adoro estar junto, mas a solidão preserva a minha sanidade. Eu preciso de tempo para pensar e eu penso melhor sozinha.
Se você estiver disposto a conviver com essa metamorfose ambulante, com essa mulher que tem mais fases que àquela do Raimundos, seja bem vindo.
Ah, esqueça aquela frase imbecil de que o coração de uma mulher é um circo, embora eu adore palhaços e me encante com circos, meu coração é coisa séria. E ele é frágil, uma vez que você brincar com ele nunca mais ele volta ao normal.
Não brinque com meus sentimentos. Me ame e você terá todo o meu amor de volta. Cada dia de forma diferente. De acordo com cada estação, complicado e perfeitinho.
Olha quem finalmente veio postar o final desta história! ba dum tss \õ/
Preparem-se para drama, muito drama.
Peço desculpas à todos que queriam muito ler o final da história e agradeço quem esperou e acho super compreensível quem me desistiu de ler o final. Mil desculpas. Espero que gostem do final.
Para quem ainda não leu a história ou quer relembrar alguma parte para não ficar perdido, clique nos links abaixo:
Rodrigo dirigiu até a cidade que ele morava ( e que tinha conhecido Lisbela). Alugou um apartamento e ficou lá por dias fumando e bebendo, afogando as mágoas. E desejando que aquela bebida tivesse o poder de fazê-lo esquecer tudo que tinha vivido até ali. Mas é aí que ele lembrava, ainda que seus pensamentos estivessem confusos. E no outro dia o que restava era uma dor de cabeça horrível e um estômago embrulhado.
Depois que sua mente — e coração– se acalmaram, ele pensou que talvez essa fosse uma oportunidade de procurar Lisbela e…
Mas mil coisas surfgiram em sua cabeça: E se ela estivesse com alguém ? E se ela não quiser me ver? E se… E se…
Rodrigo levantou-se e lembrou que não conquistou ela ficando parado. Em um momento de coragem decidiu que iria procurar Lisbela, iria dizer que a amava e tudo que tinha guardado no peito por todos esses anos. Ainda que voltasse com um “não” como resposta. Era melhor do que conviver com a dor de nunca ter tentado.
Ele foi para frente do emprego de Lisbela e ficou o dia inteiro observando cada passo dela. Seu cabelo tinha alguns fios brancos e ela estava um pouco abatida, mas continuava tão linda quanto a primeira vez que ele a tinha visto.
Ele esperou até a hora dela sair do serviço e a seguiu até a rua de sua casa.
***
Lisbela teve a sensação de que alguém a estava seguindo. E ao olhar para trás, percebeu que havia um homem a espreita atrás de um dos muros de um prédio que estava atrás dela. Ela achou muito suspeito e começou a apertar os passos.
Foi quando ela ouviu que o homem também começou a apressar seus passos e já estava quase alcançando-a. Desesperada ela correu sem olhar para trás.
Até que ouviu o estranho chamar pelo seu nome:
— Lisbela, pare! Pare, sou eu.
Ele nem precisou se identificar, ela reconhecia perfeitamente aquela voz. Ela parou no meio do caminho, seu coração parecia que iria sair pela boca. Ela ficou uns instantes parada de costas para ele.
***
Rodrigo parou. Não sabia o que dizer…
Quando começou a se aproximar ela virou de frente com ele. Por um momento os dois se olharam em silêncio. Até que Lisbela, virou-se novamente de costas e começou a andar.
Rodrigo correu até ficar na frente dela. Segurou seus braços e pediu que conversassem.
Lisbela olhou para ele e disse:
— O que você está fazendo aqui? Eu não quero problemas com a Célia e…
Antes que ela terminasse Rodrigo a interrompeu:
— Eu não estou mais com a Célia.
— Ah, então você acha que é assim? Rodrigo, fazem quase nove anos. N-O-V-E! É tempo demais, já me decepcionei muito com você e não quero sofrer de novo. — Disse Lisbela, indignada, soltando os braços das mãos de Rodrigo.
Lisbela já ia saindo, quando Rodrigo disse algo que a fez parar:
— E você não está sofrendo agora? Não está sofrendo sem mim? Porque eu sofro todos os dias desde que estou sem você. Nessa história toda você falou demais, a Célia falou demais, até minha mãe falou demais mas e eu? Você nem deu a oportunidade de eu me defender, ou pelo menos, de tentar te explicar o que aconteceu. Não, eu não fui correto com você. Eu fui um CANALHA, com letra maiúscula mesmo. Mas se te conforta eu paguei todo o mal que fiz para você. Só quero conversar com você, não vou forçar nada. Mas deixe eu desabafar tudo que está aqui dentro. Depois dessa conversa, juro não te procurar nunca mais se você quiser, mas por favor, me ouça.
Lisbela quase chorou, mas segurou firme. Virou-se para ele e disse:
— Tudo bem, vamos há alguma lanchonete ou restaurante.E conversamos. Mas sem compromisso. Vamos como amigos.
Rodrigo aceitou.Os dois foram andando lado a lado como dois desconhecidos. O silêncio reinava. Rodrigo sugeriu um restaurante e Lisbela concordou. Era perto dali e foram a pé.
Quando chegaram lá, escolheram uma mesa qualquer e pediram dois sucos de laranja.
Rodrigo começou a contar toda a história desde o começo. Contou que havia ficado com Célia em uma festa, que estava muito bêbado e que ela ficou se insinuando para ele. Claro ele não era nenhum animal desesperado por fêmea, mas foi fraco e acabou ficando com ela. Depois daquilo os dois nem haviam conversado mais. Até aquele dia em que ela contou que estava grávida. Ele contou que tentou ser um bom marido para ela. Tentou cumprir seu papel de homem, mas que nunca tinha sido realmente feliz. Contou da segunda criança e que a mãe dele começou a suspeitar das coisas. Contou dos dias em que passou embriagado. Contou como estava sofrendo sem ela. Como a amava mesmo depois de tantos anos.
Lisbela ficou em silêncio, ouvindo atentamente tudo o que ele disse sem esboçar nenhum tipo de reação.
Depois de contar toda a história, ele pegou nas mãos dela. Enquanto as mãos dela estavam suadas as mãos dele estavam frias. Ele olhou para ela e disse:
— Olha, eu estou aqui na sua frente me comprometendo a ser um homem melhor. Eu sei que errei e vou entender se, mesmo depois dessa conversa, você nunca mais quiser olhar na minha cara. E eu prometo que dessa vez eu vou me afastar de verdade. Mas pense bem, não seja orgulhosa, pense no que te faz feliz, pense se vale a pena sofrer só para ter razão. Eu juro que dessa vez eu vou te fazer feliz, juro. Me perdoe por todos os erros que cometi, mas por favor, não esqueça de todas as vezes que eu acertei.
Lisbela começou a chorar. Olhou para ele.
— E..eu não sei. Por favor, não faça isso comigo. É claro que eu te amo e nunca vou te esquecer. Mas você me machucou demais. Não sei mais se consigo ficar com você.
— Eu entendo. Mas não aceito. Pense, nós estamos envelhecendo, não vale a pena perder o amor da sua vida por orgulho.
— Eu sei, mas não sei se consigo.
— Tudo bem. Olha para mim. Faz assim: Eu te dou uma semana para decidir, para pensar se você disser não, eu vou embora para nunca mais voltar, prometo. — disse enquanto enxugava as lágrimas de seu rosto.
Rodrigo foi acompanhando Lisbela até a sua casa, já era tarde e onde ela morava costumava ser muito perigoso à noite.
Quando eles chegaram lá, Rodrigo já ia indo embora quando Lisbela o puxou pelo braço e roubou-lhe um beijo. Ele entendeu: a decisão já havia sido tomada. Lisbela pensou bem e percebeu que não valeria viver longe da pessoa que ela amava, trocou a razão pelo coração e estava disposta a lidar com as possíveis consequências que isso acarretaria. A prioridade agora era ser feliz.
Naquela noite os dois dormiram juntos e assim foi nos dois anos seguintes. Anos muito felizes, aliás.
Eles estavam tentando engravidar, sem sucesso. Então decidiram buscar um médico para ajudá-los. Fizeram vários exames e receberam a noticia de que Rodrigo estava com câncer de próstata.
Os dois choraram muito. Lisbela tentava ser forte, mas estava muito preocupada com Rodrigo.
Os meses foram passando e mesmo fazendo tratamento, a doença não dava trégua. O câncer havia se espalhado por várias partes do corpo. Já não tinha mais nada para ser feito. Então os dois resolveram aproveitar o máximo de tempo juntos, intensamente o amanhã era cada dia mais incerto. Lisbela não se conformava, depois de tanto tempo sofrendo separados, quando finalmente conseguiram ficar juntos surgiu essa doença para atrapalhar. Rodrigo ficava bravo quando ela questionava Deus. Ele era religioso e estava tranquilo, triste sim, mas tranquilo e grato por ter conhecido ela, por ter a oportunidade de compartilhar um pouco da sua vida com uma pessoa tão especial.
Rodrigo ainda viveu um ano. Foi triste, foi doloroso, mas os dois aproveitaram cada minuto juntos. Até que em um dia de primavera aqueles lindos olhos cor de mel se fecharam para sempre.
Para Lisbela, nada no mundo conseguiria substituir a presença de Rodrigo. Tanto que mesmo vinte cinco anos depois da morte dele, ela nunca mais se relacionou com ninguém, não conseguia. Ela dizia que o amor deles era único e especial, nada poderia substituir. As vezes, ela tinha a sensação de que ele estava junto dela, ela podia até sentir o seu perfume no ar.
Eu fiquei surpresa quando Lisbela me contou essa história. Parecia história de filme. Me deixou sem palavras, tudo que eu queria era entender porque tantas coisas ruins tinham acontecido na vida daquele casal e eu também fiquei triste pelo final. Lisbela me disse que não era para eu ficar triste que ela não ficava triste, porque Rodrigo só lhe causava pensamentos felizes e tudo que ela lembrava era o quanto tinha sido feliz ao lado dele. E também me disse que o final deles ainda não tinha chegado e que ela sonhava encontrá-lo em um outro plano espiritual. Ela me disse:
— Menina, você é jovem. Não deixe que o orgulho destrua um grande amor. Muitos dizem que o amor verdadeiro não existe, mas ele existe sim e está bem na cara de quem o quer ver. Viva o amor. Ame. Mesmo que o final não seja feliz como nos contos de fadas, o amor sempre vale à pena.
Foi então que o Ônibus dela chegou e eu a vi indo embora. Eu já tinha ouvido muitas histórias, mas sem dúvidas essa foi a mais impressionante (e triste) que já ouvi. Indubitavelmente, Lisbela e Rodrigo serão personagens da vida real que eu nunca esquecerei.
Rodrigo passou meses tentando conversar com Lisbela , que o ignorou.
A mãe de Rodrigo convenceu Rodrigo a casar com Célia, pois a família deles era tradicional e seria uma vergonha que ele não assumisse a mãe de seu filho.
Eles esperaram que a poeira sobre o término do noivado com Lisbela abaixasse. E então fizeram um cerimônia simples para o casamento dele com Célia.
Rodrigo não se conformava de ter perdido Lisbela, não se conformava de ter feito ela sofrer.
Como moravam na mesma cidade era inevitável que se vissem de vez em quando. Lisbela nunca desviou o olhar, sempre olhou profundamente em seus olhos e quando isso acontecia Rodrigo sentia toda a dor que aquele olhar lhe trazia. Ela estava sofrendo muito e ele sabia que era injusto que ela sofresse por um erro que ele cometeu. Por esse motivo, decidiu pedir transferência e ir para outra cidade, dizem que “o que os olhos não veem o coração não sente”, talvez se Lis deixasse de vê-lo ela sofreria menos, pelo menos foi isso que ele pensou que aconteceria…
***
Sete anos depois, Lisbela ainda pensava em Rodrigo. Ela pensava todos os dias em como as coisas poderiam ser diferentes se tudo aquilo não tivesse acontecido.
Ela sabia que Rodrigo tinha uma menina e que Celia estava grávida do segundo filho do casal. Isso a entristecia, ela não odiava as crianças, afinal elas não tinham culpa do que havia acontecido, não odiava Célia, porque Rodrigo era comprometido e deveria ter respeitado ela, mas por mais que tentasse, não conseguia odiar Rodrigo. O amor que nutria por ele era tão grande que ela seria incapaz de sentir qualquer sentimento ruim.
Ela sentia dor, sentia-se só. E tinha inveja de Célia por ter a vida que ela gostaria que fosse dela. De Rodrigo ela sentia saudade, daquele tipo que a gente só sente quando a pessoa morre. Porque para ela Rodrigo havia morrido. Ele nunca mais poderia ser dela.
Lis até tentava outros relacionamentos, mas não conseguia fazer que durassem. Nenhum deles era capaz de substituir o que ela e Rodrigo haviam vivido. Ela sabia, que no fundo, nada nunca seria igual. Nas histórias românticas as amantes sempre levam a pior e ficam sozinhas, mas desta fez a mocinha é quem estava.
Mas, o mundo costuma girar e colocar cada pessoa em seu lugar, por mais que demore.
***
Rodrigo também não conseguia esquecer Lisbela. Mas cumpria seu papel de pai e esposo. Ela tinha uma paixão enorme por Maria Luísa, sua filha. E agora, por Victor Hugo, seu filho de um mês.
Porém, algo estava errado e quem percebeu isso foi a mãe de Rodrigo. Ela viva levantando dúvidas sobre a aparência de Victor Hugo.
— Rodrigo, olhe para o Victor Hugo! Ele não se parece com a Célia, não se parece com você e nem com ninguém da família. Ele é muito diferente. Não sei não, viu? Se eu fosse você pediria um exame de DNA. Essa sua esposa não é flor que se cheire e eu não confio nela. — Dizia ela.
Rodrigo começou a ficar encucado. Realmente o menino não tinha nenhum traço dos familiares. Mas isso não significava nada, talvez fosse só implicância da mãe dele, que odiava Célia. Mesmo assim, esse assunto o fez perder o sono por tantos dias. Que ele acabou decidindo fazer o exame e tirar a dúvida de vez. Assim a mãe ficaria quieta e ele tranquilo.
Obviamente Célia sentiu-se ofendida e não queria fazer o teste. O que causou ainda mais dúvida na cabeça de Rodrigo. Foram cinco meses até que ele, finalmente conseguisse fazer o exame.
Depois de um tempo saiu o resultado. As mãos de Rodrigo suavam.
Ele abriu o exame. E para a sua decepção, o exame confirmou que ele não era pai de Victor Hugo. Ele voltou para casa revoltado. Célia se defendia, dizia que ele tinha pagado pelo resultado. Ele lhe deu um tapa na cara e disse:
— Deixe de ser sonsa! Eu nunca faria isso. Diferente de você, eu tenho caráter.
— Sonsa!? Sonso é você que há sete anos assumiu dois filhos que não são seus. Você se acha muito esperto, né Rodrigo? Mas você é um burro, um ignorante. Se fosse esperto teria pedido desde o começo o exame de DNA. — retrucou Célia, chorando e gritando para quem quisesse ouvir.
— Não, você não fez isso comigo! A Maria Luísa é minha filha sim, eu sei que é. Você sabia que eu estava noivo, eu perdi tudo que tinha por sua culpa. — Rodrigo respondeu indignado.
Célia só riu. E ele, em momento de fúria ergueu a mão para batê-la. Ela segurou seu braço e disse:
— Vá em frente! Estou louca para arrancar mais dinheiro de você e de quebra ainda te deixaria preso! T-r-o-u-x-a.
Rodrigo conteve-se pegou a chave do carro e foi embora. Alugou um hotel para passar a noite e ligou para sua mãe contando toda a história.
A mãe dele o aconselhou a fazer o exame de DNA da menina também. E foi o que ele fez.
No dia seguinte, sem que Célia soubesse, ele buscou a menina na escola e a levou para a Clínica.
Célia ficou possessa e o proibiu de ver a menina daquele dia em diante. Ele não queria isso, mas Célia deixou claro que ele não era o pai e que ela não permitiria mais a presença dele na vida da criança. Maria Luísa chorou muito abraçada ao pai e Célia a obrigou a entrar no carro e ir embora.
Três meses depois, o exame chegou. Ele abriu e leu o laudo do teste que afirmava que ele também não era o pai de Maria Luísa.
*Desde menina Lisbela colecionava fotos de noivas de revistas. Com oito anos começou a escrever em seu diário , sonhando com príncipes, castelos , filhos…
Lisbela cresceu e começou a trabalhar no Banco do Brasil, estava ganhando bem e até conseguiu comprar um apartamento.
Um dia –vocês sabem que quando aparece essa palavra algo está prestes a acontecer, certo? E aconteceu– ela foi a uma festa íntima de uma amiga no banco. E se apaixonou pelo príncipe Alexandre, primo da amiga dela.
Ele era alto, magro, tinha olhos cor de mel e um bom papo e trabalhava em um banco concorrente. Ele também se encantou com a linda garota de cabelos dourados e cacheados.
Foram apresentados. Eles se reconheceram. Almas gêmeas sempre se reconhecem.
Os dois conversaram por horas e quando ela decidiu ir embora ele tentou um beijo roubado, sem sucesso. Não ganhou o beijo, mas ganhou um sorriso de canto de boca, que faltava dizer: “estou entregue”.
No dia seguinte, Lis encontrou em sua mesa um bilhete que dizia: “Querida, Lisbela. Você me deve um beijo. ” Ela não se conteve e deu uma risada alta, que chamou atenção dos colegas de trabalho, mas ninguém disse nada. Ela enrubesceu e todos riram.
E nos dias seguintes ela recebeu mais e mais bilhetes, com pistas e mensagens bonitinhas, do tipo que a gente só recebe quando está no colegial. Com letras de música e as vezes acompanhados com uma singela flor.
Depois de vários dias, ela resolver tomar atitude escreveu de caneta azul atrás de um dos bilhetes : “Eu não gosto de ficar em dívida com ninguém, portanto se você quiser receber o beijo que lhe devo, ligue para esse número: 3588-8880. E resolveremos esse assunto o mais breve possível. ”
{ Continua…}
*Essa história faz parte de uma nova categoria do blog, chamada “No ponto de ônibus”. Nela eu contarei histórias que ouvi de outras pessoas, a maioria delas de amor. Sempre fui boa ouvinte, e nesse 25 anos de vida, já ouvi muitas histórias em pontos de ônibus, dentro de Ônibus, na fila de espera do médico… Histórias com cara de novela das 8. Eu sempre achei que deveria me inspirar para escrever sobre elas. A maioria das histórias não tinha nomes de personagens, então darei identidade à eles. Obviamente, mudarei muitos detalhes de cada história, embora inspirados na vida real, todas as histórias daqui serão de ficção. A história de hoje, por exemplo, eu alterei quase tudo: a forma como as coisas aconteceram, os empregos dos personagens, adicionei personagens que não existiram na vida real…Espero que gostem das histórias. ❤
Ônibus, banco (na janela), dia chuvoso, música inspiradora e os meus fones de ouvido são o suficiente para viver a mais linda história de amor de todas.
Basta o ônibus partir para a aventura começar!
Começo te criando: alto, olhos cor de mel, cabelos escuros e um sorriso lindo daqueles que a gente se apaixona de cara e diz: “Este é o cara!”
A gente começa a conversar e as coisas simplesmente fluem, temos os mesmos gostos para tudo: música, filmes e você também gosta de desenhos animados.
Eu rio que nem boba, sonhando que talvez em algum lugar você exista de verdade e que um dia a gente se encontre na fila do cinema ou no show de uma banda legal. E tenho certeza que a gente iria se reconhecer. E um dia, talvez eu te conte que eu te desejei tanto, mas com tanta paixão que Deus me ouviu e fez cruzar o seu caminho com o meu. E você vai rir, achando uma bobagem o que estou falando e eu vou rir também, porque essa bobagem fez eu conhecer a pessoa mais linda que eu já conheci.
Enquanto estou sonhando a realidade atrapalha meu sonho:
— Ei moça, posso sentar aqui?
Eu apenas aceno com a cabeça em sinal afirmativo.
Engraçado, é que ele não tinha olhos cor de mel nem cabelos escuros, já o sorriso…
E quando o tempo não cura? E quando procuramos nos livrar da dor que aperta, que machuca, que destrói as esperanças e ela insiste em ficar?
Tudo que as pessoas sabem dizer é: espere o tempo que tudo se resolverá!
Engraçado como o tempo é. Ele te faz pedir para que passe devagar durante aquele beijo apaixonado e te faz implorar que passe rápido quando a paixão acaba.
Você sempre disse que eu tinha um olhar doce e eu sempre gostei de ver a minha imagem refletida em seus olhos. E nosso olhares que antes se procuravam, hoje se evitam. Eu sempre acreditei que os olhos não mentiam, mas eles mentem,sim eles mentem, você mentiu.
Como faz tirar essas amarras que ficaram em meu coração? Como faz pra me libertar desse aperto na garganta, que me impede de expressar toda a revolta que estou sentindo?
Você me obriga a dizer não, quando eu sempre quis dizer sim. Você disse que sempre lutaria pelo nosso amor, mas foi covarde! Me abandonou, me iludiu, fez com que eu me sentisse única e eu percebi que, para você, eu fui só mais uma.
Você acha que meu olhar não vai te perdoar, mas nem tentou me reconquistar. Nós poderíamos ficar horas consertando os pregos tortos a que você se refere e construir um lugar só nosso, mas você é covarde demais para tentar.E eu fico aqui, vendo você ir embora, sem sequer olhar para trás, sem me dar um adeus digno. E esperando o tempo passar para uma tentativa vã , de esquecer que um dia você e eu fomos uma história de amor, a mais linda e mais dolorida de todas elas.
Se quiser ouvir uma das músicas do filme (clique aqui) enquanto lê. 🙂
Gostei tanto desse filme. *-* Tanto que acabou me inspirando a fazer este texto.
Se quiser ler outra opinião (mais detalhada) sobre o filme clique aqui.
Olhe para mim o que você pode ver?Diga que me enxerga, diga que alguém me vê além do que é tangível. Eu não sou só um pedaço de carne. Não me julgue pelo meu comportamento, sou obrigada a ser assim. Olhe no fundo dos meus olhos eles não conseguirão mentir, aqui dentro há uma alma triste. Meu espírito clama por libertação.
Convivo com muita gente e por que ainda me sinto tão só?É muita gente e uma imensa solidão. São muitos sorrisos falsos em volta de mim, mas sinto que você é diferente, decifrei o seu olhar, eles sorriem ao me ver.
Por favor, seja meu Blackbird e me salve dessa confusão. Pegue na minha mão e me leve junto com você para bem longe. Não quero holofotes, quero briza nos meus cabelos cacheados. Quero um amor, que ironicamente me dê liberdade. Quero um amor que me ensine que a vida pode ser sublime, um real conto de fadas. Por favor, eu súplico me leve para bem longe, onde não poderão nos encontrar. Seremos só eu e você. E eu poderei finalmente ser livre para mostrar quem eu sou de verdade.
Não negue você está tão entregue quanto eu. E se o amor nos encontrou, vamos vivê-lo! Eu me orgulho de mim quando estou com você. E sei que podemos ser muito melhores juntos. Prometo lutar pelo nosso sentimento. Podemos fazer amor quando dar vontade.E a gente pode dormir todo dia em posições diferentes só para não cair na rotina Prometo cantar para você todos os dias as canções que compus vivendo o nosso amor. Eu serei sempre a sua estrela e você meu Blackbird.
Este post é a minha contribuição para a “Quinta Autoral Criativa”, vi lá no blog Devaneadora de Ideias, da linda da Mayara. Adorei a ideia e resolvi participar também. E sugiro para quem gosta que participe também. 🙂
Os idealizadores são a Juliana Lima e o Palhão. Aqui as regras, para quem também quiser participar.
Para mim foi um desafio, porque é um microconto e eu tenho dificuldade em escrever pouco. Foi um tempão apagando, conferindo e tentando deixar da melhor forma possível.
Joana dormia, virava e revirava várias vezes. O pequeno relógio, pousado no criado mudo amarelo do lado de sua cama, insistia que estava na hora dela acordar, cada “Tic-Tac” parecia ter o som mais elevado. Até que depois de perceber que não teria mais jeito, ela decidiu levantar.
Foi ao banheiro cambaleando, como um bêbado voltando para casa de madrugada. Sentou – se no vaso sanitário e, ainda com o raciocínio lento, tentou lembrar de tudo que deveria fazer naquele dia. Levanta-se e preparando-se para um novo dia.
Vai até o ponto. E por pouco não perde o ônibus. Estranhamente não tinha muitas pessoas, como Joana foi a última a entrar só sobrou um assento: do lado de um rapaz. Ela se aproximou e perguntou se poderia sentar, ele assentiu que sim com a cabeça e abriu um sorriso tão lindo, que ela sentiu as pernas estremecerem.
Quando Joana se dá conta, ela e Rodrigo (sim esse era o nome dele) , estão conversando como velhos amigos, falando de Livros , de música. De Caetano e de Rimbaud. O tempo de repente resolveu desacelerar enquanto estavam juntos.
Mas nada dura para sempre. E chegou a hora de Joana ir embora. Quando estava quase descendo do ônibus ele gritou, chacoalhando as chaves da casa dela:
Você chegou assim: tão sereno. E eu me apaixonei por cada parte sua, seus risos, suas mãos, seu tom de voz. O jeito idiota de rir da minha cara.
Tu foi pilantra comigo. Fez com que eu me acostumasse com teu cheiro, com teu abraço, com os domingos mais agradáveis ao teu lado.
Me entreguei completamente aos seus caprichos, fui mais sua que minha.
E você teve coragem de partir. Logo você que sempre disse não desistir da gente. Logo você, que prometeu me proteger para sempre de qualquer sofrimento, que ironia, agora passou a ser o motivo dele.
Eu poderia ter mais de mil motivos para te odiar, mas o que eu mais odeio mesmo é não conseguir sentir nem um pouquinho de ódio de você.
A verdade é que meus dias eram mais contentes tendo teu riso.
Posso ser trouxa mesmo, como todos dizem , mas não posso e nem quero desistir do nosso amor.
Não é que eu não consiga viver sem você, eu não consigo é viver sem nós dois, sem nossos planos, sem nossas brincadeiras, nossas aventuras, nossas brigas, nossas reconciliações…
Você me ensinou muitas coisas, mas não me ensinou a principal delas: viver sem você.