Redes sociais ou vida real?

Esses dias, a blogueira australiana Essena O’Neill, causou polêmica ao falar sobre a vida falsa que mostrava nas redes sociais. Várias blogueiras falaram sobre o caso, umas concordando e outras não.  Como gosto de analisar os dois lados da moeda , partirei de dois pontos de vista: 1º do lado das blogueiras famosas; 2º do lado de Essena.

Sejamos sinceros: todos vivemos de aparência hoje em dia.

Você já ouviu falar : “nossa, fulana é mais bonita na internet do que pessoalmente”, ou então: “fulano não é tão forte assim na vida real”. Todo mundo já ouviu algum comentário desse, ou até já fez um.

Agora, se nós pobres mortais publicamos só as nossas melhores fotos e melhores momentos nas redes sociais, imagine as blogueiras famosas que vivem de suas imagens, sejam menos hipócritas e admitam que o que te faz virar fã de uma blogueira (ou até mesmo odiá-la) é pelo perfil dela ser repleto de fotos legais . Se fosse tão fácil fazer sucesso com blogs e fotos bonitinhas teria muita gente famosa no mundo, inclusive essa humilde blogueira que redige esse texto (e que já teve uns 7 blogs since 2006 hahahah).  Então, para ser famosa essas blogueiras tiveram que trabalhar muito.

Que elas recebem por boa parte de suas fotos , isso não é segredo para ninguém. Mas, em uma coisa eu concordo: indicar que o post é pago, seria bem mais honesto da parte delas. E nem todas fazem isso.

Que elas não são felizes todos os dias é meio óbvio, né? Quem é feliz o tempo todo, gente?

O problema é que muita gente idolatra elas e, as vezes, acreditam que elas são muito diferentes do resto das pessoas, que elas não tem espinha, que acordam com cabelo de propaganda de shampoo todos os dias, que não ficam inchadas nunca, que não ficam na bad, enfim, que tem uma vida perfeita.

Mas não é bem assim… Lembrem-se de que elas são seres humanos comuns assim como nós. E perfeição é utopia, nada é 100% perfeito. Se você não é perfeito , não pode esperar que os outros também sejam, e se você acha que é perfeito, acho bom você procurar ajuda psicológica.

Nós, os espectadores também devemos compreender que esse é o trabalho delas, e se a vida delas não parecer empolgante, elas perdem seus seguidores, que ocasiona na perda de patrocinadores, ou seja, perdem seus empregos.

Por outro lado, acho que compreendi o que Essena quis dizer…

A responsabilidade das blogueiras é grande, pois elas inspiram e de certa forma influenciam seus seguidores. Então é preciso ter bom senso ao fazer uma postagem. Ao postar uma propaganda, elas deviam levar em consideração que os outros acreditaram nela ao comprar aquilo, então só deviam postar aquilo que realmente gostam e não só pela grana.

Como disse no começo do post, todos vivemos de aparência, é triste, mas é a realidade. A vida de ninguém é igual a que aparece nas redes sociais. Todos tentamos mostrar a vida do ângulo mais agradável possível. A vida real nem sempre é do jeito que gostamos, e muitas vezes as redes sociais acabam se tornando refúgios, um lugar onde pode ser diferente, onde posso ser aceito pelos demais. Seja na vida real ou na vida virtual o que muitos buscam é aceitação.

Já vi blogueiras que no começo de suas “carreiras” (não sei se esse é o termo correto) diziam não gostar de determinadas marcas e hoje, que já alcançaram o sucesso, fizeram propagandas dessas mesmas marcas. E é nesse ponto que, muitas vezes, o mundo dos blogs que tornam superficiais.

E, sério, tudo bem as blogueiras ganharem dinheiro para postar fotos maravilhosas, contanto que isso não mude quem elas são, e pelo que entendi, era assim que Essena se sentia. Ela não se reconhecia mais. Aquela garota linda das fotos, não condizia com a verdadeira Essena, ela era só um personagem. Mas as pessoas esperavam muito dela e ela cansou de fingir ser o que não era. Ela tirou a máscara e assumiu ao mundo sua verdadeira identidade, mostrou aos outros que ela não era só um rosto bonito e um corpo escultural, mostrou que é uma garota normal de 19 anos.

Os excessos de holofotes podem nos cegar, podemos ter a falsa impressão de que muitos likes poderão preencher vazios que existem em nossas vidas reais. Mas eles não preenchem, até podem camuflar, dando a impressão de preenchimento, mas o vazio continuará lá e mais cedo ou mais tarde ele vem a tona.

Então não importa se você é famoso ou não, se tem rede social ou não, nunca deixe de ser você, mude só se for necessário, procure fazer o bem. Porque quando os holofotes apagarem você terá orgulho do que você fez no passado e daquilo que você se tornou hoje.

Amigos e lembranças

Outro dia, entre a faxina do dia a dia, encontrei um velho álbum de fotografias. Passei horas folheando e, a cada nova foto vinham turbilhões de memórias — a maioria boa. Ri com as fotos engraçadas, achei graça das descrições, muito coisa mudou de lá para cá: as nossas aparências, a minha letra (era horrível), os nossos planos…

É engraçado (e assustador ao mesmo tempo) como quanta coisa mudou, nas fotos tem gente que já se foi, tem gente que tem família, tem gente que sumiu do mapa!

Algumas pessoas que eram meus amigos, simplesmente não são mais. Sem nenhum motivo aparente, a não ser o tempo e as circunstâncias que nos afastaram.

As vezes, me deparo com fotos dos adolescentes no facebook, com frases do tipo: “Amigos para sempre!”; “Nossa amizade nunca terá fim”, e etc. E lembro que eu também já usei essas frases inúmeras vezes. E que hoje, passo por pessoas que eram grandes amizades e a gente mal se cumprimenta.

Mas não é culpa deles, minha também não é. As amizades são como os amores, não duram pra sempre, porque “para sempre” é tempo demais. Duram exatamente o que tem que durar. O suficiente para deixar lembranças e experiências (boas e ruins).

Tenho sim amigos desde sempre, amigos que mesmo a distância e a falta de tempo , não impediu que nossa amizade continuasse.

Um dia sei que olharei para outros álbuns de fotografia e lembrarei dos meus atuais amigos com carinho, mas talvez percamos o contato também, são coisas da vida.

Mas guardarei para sempre todos aqueles que me fizeram rir, que me deram bons conselhos e que estiveram ao meu lado quando precisei. E vou continuar torcendo pela felicidade de cada um.

E, quem sabe um dia, as nossas promessas de reencontro (que nunca dão certo) aconteça e a gente relembre todas as nossas grandes histórias. E, quem sabe, na melhor das hipóteses voltemos a nos encontrar sempre e compartilhar novas aventuras?

Enquanto isso não acontece, passo meu tempo relembrando o passado e me sentindo grata por ter convivido por cada um deles.

Termino com uma frase , que não sei ao certo de quem é a autoria ( Paulo Sant’Ana?)Mas que define bem o meu sentimento por meus velhos e novos amigos : “Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos! A alguns deles não procuro, basta saber que eles existem. Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida (…) mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não o declare e não os procure.”

Uma ruga a cada história

Estou cansada, mas a insônia me impede de dormir. Qualquer ruído me deixa mais atenta: um galo “desregulado” que canta antes da meia-noite; um bêbado que atravessa a rua falando bobagens; o barulho da T.v do vizinho e é claro, ele, o irritante tic-tac do despertador florido, que repousa no criado mudo.

As horas passam, até que eu perca totalmente a noção do tempo. O corpo praticamente implora pra sair da cama de espinhos em que me encontro. Tento lutar contra isso, em vão.A mente não para de trabalhar e por mais que eu me esforce não consigo adormecer. Decido levantar, mas antes checo as horas: 03:00, como sempre.

Vou até o banheiro , jogo água no rosto várias vezes e, por alguns instantes, fito a minha imagem no espelho.

Olho no olho é o suficiente para que meu baú de memórias se abra. Recordo meus 24 anos em pouco mais de dez minutos, uma retrospectiva dos melhores momentos. Depois dessa viagem interior, percebo-me ali, sozinha, na madrugada de um dia quente, na frente de um espelho tentando decifrar-me. Inspeciono cada canto de minha face e dos meus cabelos castanhos escuros, percebo um filho único: meu primeiro fio de cabelo branco. Me assusta a ideia de que estou envelhecendo e sorrio, pois acho engraçado  estar refletindo sobre isso agora, tão jovem.

Os primeiros sinais da idade não se limitam apenas ao bendito fio. Ao sorrir meus olhos já marcam onde ficarão as linhas de expressão. Meu corpo, definitivamente,  já não é mais o mesmo.

Sempre me considerei uma garota madura, agora percebo que o exterior está ficando parecido com o interior : velho.

Por um momento, penso no que isso significa…

Estou envelhecendo, como será olhar para o meu rosto daqui a 10,20,30 anos? Será que eu vou gostar do que está refletido? Ou vou procurar o endereço do Dr. Rey e implorar pra que ele me deixe mais jovem?

Mas por que ou para que estou pensando nisso agora? Deve ser o sono querendo, finalmente, aparecer. Um ataque filosofal na madrugada ninguém merece!

Eu sou apaixonada por gente velha! Sério, acho muito fofo aqueles rostinhos enrugados. Mas e quando for eu , será que vou achar fofo também? Reflito por um instante e,  sinceramente, acho que sim!

Eu acho que o nosso corpo é como um livro, no princípio são só folhas em branco, até que alguém, através de palavras, dá vida à elas. Vejo cada linha de expressão, como as letras desse livro, cada uma delas conta uma história.  Por isso quanto mais velha a pessoa mais rugas ela têm.

Uma vez vi a história de uma mulher que passou anos sem rir, para não ter rugas. Achei uma história triste. Quantas vezes ela  teve que conter “aquela” gargalhada, para evitar sinais de idade em sua pele? Claro, que não posso (nem devo) julgá-la por isso, pois foi uma escolha dela. Mas não deixo de achar triste. Eu acho que não conseguiria viver assim. Porque eu sou aquela garota do riso frouxo, que ri até para os postes da rua. Acho que vou ser uma velhinha bem enrugada (risos).

Eu sou a autora da minha própria história,  espero viver muito ainda e ter rugas será inevitável. Elas serão a certeza de que chorei, que cantei, que dancei, que sofri e que sorri, que vivi!

E quantas aventuras ainda terei pela frente? Espero que muitas! Mas agora preciso dormir para ter coragem de alcançar todas elas. No relógio marcam 05:00 , ótimo tenho uma hora pra dormir. Boa noite.

Sobre a transitoriedade das dores

♥

Desde criança sempre vivi no interior.

E uma das coisas que mais movimentavam a cidade eram os ‘showmícios‘, que eram festas oferecidas pelos candidatos a prefeito e vereadores, em que haviam bandas fazendo seu show e em algum momento os candidatos tomavam a palavra para expor as suas propostas. Essas festas agitavam a cidade, e as pessoas iam com suas famílias prestigiar o evento .

Eu era criança, nem lembro ao certo quantos anos tinha, mas era entre 5 e 6 anos. Lembro bem do movimento na cidade, o showmício foi perto da praça e eu, obviamente não me lembro qual era o partido que ofereceu a festa e nem a banda que estava tocando, porque isso não me interessava nem um pouco.

Lembro sim, de bandeiras balançando, e das vozes exaltadas dos adultos que estavam em cima do palco e queriam através de suas palavras duras convencer seus ouvintes. Lembro de casais de namorados que passavam de mãos dadas e ignoravam tanto, ou mais que eu o que aqueles homens diziam.

Mas o que aconteceu naquele dia foi uma coisa boba, que não tem nada de especial, a não ser o fato de uma experiência infantil ter me feito encarar muitas coisas de forma diferente…

Eu estava brincando com meu irmão, e a praça era enfeitada por pequenas flores vermelhas, que a primeira vista até poderiam ser inofensivas, mas que tinham em seu calo inúmeros espinhos. Um perigo para  crianças distraídas (leia-se eu). Acontece que, em determinado momento, eu subo em um dos bancos da praça e me desequilibro, caindo com os braços sobre os espinhos que perfuraram a minha pele. No momento, além dos meus pais, outros adultos vieram para tentar me ajudar, eu gritava e chorava muito.   Lembro das marcas que ficaram dos espinhos. Mas da dor mesmo, eu não me lembro, lembro que doeu muito, mas não lembro exatamente de como foi essa dor. E, hoje em dia nem lembro muito desse dia. Me lembrei hoje porque vi um lugar que tem essa flor. E sabe qual foi a “lição” que tirei desse episódio? Aquilo que os mais velhos insistem em repetir e os jovens a ignorar, aquele ditado que diz: “Não há mal que perdure, não há dor que não se cure.” Aprendi que eles estão certos, graças a Deus, nenhuma dor é eterna! No momento em que a vivemos até pode parecer que ela é, mas acredite não é.  É óbvio, que também depende da gente, se ficarmos alimentando, remoendo aquilo que nos causa dor ela será mais duradoura, a partir do momento que deixamos ela de lado ela vai ficando tão pequenininha que um dia simplesmente deixa de existir.  E você pode até ver as cicatrizes e lembrar que doeu muito, mas não vai sentir mais nada. Porque como tudo na vida, as dores também são passageiras. Ainda bem.

*Imagem retirada do We♥It