Feroz carrossel

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Imagem retirada daqui.

Um dia a gente descobre que somos um grãozinho em um vasto universo.

Que a vida é uma linha e do outro lado tem uma velha que a qualquer momento pode atá-la.

Aos poucos vamos descobrindo o sentido da vida. Da nossa vida. Mas ainda assim é confusa e inexplicável.

Um dia o vestibular já terá passado. E a faculdade também.

E aos poucos, os algarismos da tua idade vão subindo mais rapidamente do que aquelas máquinas em casinos.

E os fios de cabelo vão começar a desbotar.

E tu vai perceber que virou tua mãe.

Vai notar que muitas coisas perderam a graça.

E que envelhecer é mesmo chato, mas vai se acostumar com isso.

As pessoas que conheceu vão deixando esse mundo. Pouco a pouco a vizinhança fica cheia de gente estranha, os velhos vizinhos já estão em outro plano.

E é estranho. Às vezes a gente até esquece. Mas olhar para as cadeiras vazias na frente das casas dá uma sensação de vazio.

Aos poucos as velhas vozes se esvaem, ao mesmo tempo, em que vozes infantis vão surgindo.

E como dizia aquela música da infância: “A vida se abrirá num feroz carrossel…”

E os nossos amigos do passado se tornam apenas conhecidos.

E as velhas cartas de amor deixam de fazer sentido.

E ficar em casa passa a ser o evento mais divertido do dia.

Quando você perceber que dia é hoje ele já aconteceu.