
Eu quero subir até o lugar mais alto da cidade, tão alto que sentirei o maior dos frios na barriga.
E quando eu chegar lá quero sentar e observar todas as luzes da cidade e lá de cima eu quero olhar e ver a pequenez de quem se sente tão grande e constatar a minha própria pequenez.
Quero respirar bem fundo e sentir o vento refrescar a minha face. O mesmo vento que embaraça os meus cabelos e me faz sentir acariciada.
Quero parar o bater dos relógios e sentir. Só sentir. Sem pressa, sem medos…
Eu quero gritar até as minhas cordas vocais travarem e ficarem pouco a pouco abafadas na escuridão dessa sexta-feira.
Quero jogar para o alto e picar em mil pedaços velhas mentiras guardadas no fundo do meu peito. Quero ver cada uma dissipando e se perdendo e, se misturando a poeira que vem da estrada.