O medo faz ver coisas!

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Dedel, 4 anos e 10 meses em: O medo faz ver as coisas.

Cheguei em casa à noite com a mamãe e o papai. Era começo de julho e estava frio, ventando bastante. Entrei em casa correndo para o meu quarto para pegar um brinquedo.

Eis que levo um susto: na porta do meu quarto tinha uma rã! Parecia seca, devia estar morta.

Enchi o peito de coragem e fiz o que qualquer garoto da minha idade faria em uma situação de perigo: chamei minha mãe!

— Mãaaaaaae! Tem uma rã morta na porta do meu quarto.

Mamãe veio com calma e ao olhar para a rã deu risada. Me pegou no colo e pediu que eu pegasse a rã na mão. Eu saí correndo!

Mamãe acendeu a luz e me mostrou que a rã na verdade era uma folha seca que, com a ventania, entrou em casa.

— Ah, mãe é só uma folha! É que tava escuro e eu senti medo. O medo faz a gente imaginar as coisas, eu olhei para a folha e vi uma rã, mas não era não, era só minha cabeça que tava imaginando.

— Isso mesmo, filho. Quem te ensinou isso?

— Ah, mãe, isso eu aprendi sozinho. — (Leonino sendo leonino :p)

Porta – retratos

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Podem me chamar de louca, mas uma das coisas que mais gosto de fazer é ir na casa das pessoas e observar os portas-retratos.

Posso perder horas ali. Observando e admirando cada detalhe.

Amo fotografia porque é uma forma de congelar um momento, para que toda vez que dê saudades a gente possa matar, revendo as fotografias.
Quando escolhemos uma foto pra pôr nos portas – retratos elas sempre são as mais especiais, de momentos que nos fazem ter orgulho ou que nos fazem lembrar de fatos ou pessoas importantes nas nossas vidas.
Os portas – retratos com fotos de família são os meus preferidos, é tão lindo de ver. Acho que é porque lembro da minha família e como, apesar de todas as dificuldades, éramos felizes.
Hoje eu construo a minha família e tento fazer com que meu filho tenha boas lembranças da família dele também.
Ter uma família unida é ter um porto seguro, um lugar para voltar todas as vezes que as coisas ficam complicadas para enfrentar sozinho . Sou grata, todos os dias, por ter a oportunidade de ter vivido em duas famílias tão especiais, sou muito sortuda mesmo !

É amor demais. Amor que nem cabe em porta-retrato (mas que a gente tenta colocar assim mesmo).

O melhor presente da minha vida

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Hoje faz cinco anos.

Cinco anos que vi seu rostinho pela primeira vez. Que te acalentei em meu seio e te coloquei para dormir.

Faz cinco anos que vi o nascer do sol pela primeira vez. Que senti aquele mix de emoções inexplicável: vontade de rir e chorar ao mesmo tempo.

Há cinco anos eu me descobri mãe.

Descobri que mãe sente medo, sente dor, sente culpa e sente raiva, às vezes. Mas descobri também aquele amor incondicional de que tanto falam.

Aprendi que o peito dói quando você não está bem. Que casa silenciosa é um tédio e muito vazia quando você não está (ou quando você dorme).

Você veio assim: de surpresa. E mudou toda a rota que eu tinha feito para a minha vida. Se eu tive medo? Muito. Mas ainda vale muito a pena.

Mesmo sabendo que eu perdi muitas horas de sono. Mesmo sabendo que eu tive que abri mão de um monte de coisas por causa de você. EU NÃO ME ARREPENDO DE NADA.

Se antes eu sonhava alto, se o maior sonho que eu tinha era fazer mestrado, doutorado e ganhar muito dinheiro, hoje eu penso em como eu posso seguir minha carreira sem abrir mão do bem mais precioso da minha vida que é você.

Hoje eu descobri que o verdadeiro valor das coisas está no tempo que você dedica para as pessoas que você ama. Porque a gente pisca e já é ano que vem. A gente pisca e o nosso bebê já têm cinco anos e já começou a perder os dentes de leite.

Não é que eu abri mão da minha carreira. Não é isso. É só uma questão de prioridades, eu espero um dia poder fazer mestrado e doutorado só que mais para frente. E se não der certo tudo bem. E não é comodismo não, viu? É apenas enxergar o copo meio cheio e ser feliz com aquilo que eu já tenho. E, poxa eu já tenho tanto!

Eu sei que a sociedade vai me julgar. Mas eu sei que eu estou fazendo as minhas escolhas e sejam lá quais forem as consequências, foram coisas que eu quis e não que quiseram para mim.

E é uma das coisas que eu quero te ensinar: seja você. Faça aquilo que a sua intuição lhe diz, se isso não for machucar outra pessoa, é claro. Ouça o que os outros dizem mas absorva somente aquilo que você puder transformar em algo bom.

Cada dia mais eu vejo a competitividade desse mundo. A amizade só dura até a entrevista de emprego. E eu não quero isso pra ti. Quero que sejas feliz.

Quero que faça bons amigos e que sejas um bom amigo. E, tá bem difícil de acreditar, mas quero que a sua geração viva em um mundo melhor.

Por fim, eu sei que uma hora você nem vai ligar tanto para mim. Mas eu estarei sempre aqui torcendo por você e me lembrando que o dia 15 de agosto eu recebi o presente mais incrível da minha vida.

 

Lembranças do Dedel 1001 noites

Gabriel, que eu carinhosamente chamo de Dedel. Tem três anos (quase quatro) e sei que muitas lembranças dessa idade são esquecidas. Eu mesmo não lembro de nenhuma;. A primeira lembrança que tenho nitidamente em minha cabeça foi de quando eu estava prestes a fazer quatro anos (a idade que ele tem hoje).

Então, eu resolvi criar no blog textos como se eu fosse o Gabriel e estivesse registrando a sua memória sobre um dia importante, engraçado ou assustador. Espero que gostem.

Hoje vou contar a história do dia que ele levantou minha auto estima, só que não. ahahah

P.s.: Na verdade esse texto estava nos rascunhos do blog, agora Dedel já vai completar 5 anos. :O


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Imagem retirada do Google Imagens

Hoje eu acordei cedo, bem cedo. Tenho que ir para a escola (mamãe diz que é importante. Será mesmo? Tenho minhas dúvidas), minha mãe diz para eu ir para o banheiro fazer xixi e escovar os dentes.

Quando termino mamãe vai me ajudar a pentear o cabelo. Mamãe andou triste nos últimos dias. Se sentindo feia. Resolvi melhorar o astral dela:

— Mãe, você é linda!

— Oh , meu amor, obrigada. — responde ela com um sorriso que quase rasgou a bochecha.

— Você não é feia, não é gorda também, não. — continuo.

Mamãe faz cara de boba e agradece. Eu olho para a pancinha saliente dela, que está bem na minha frente, e digo:

— Bom, só a sua barriga que está um pouco grande.

Mamãe e papai começam a rir. E eu fico com cara confusa pensando:  “ué, porque eles estão rindo?” Maluquinhos esses meus pais.

 

Primeiro dia de aula

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Eu sou uma pessoa ansiosa, ponto.

E as “primeiras vezes” sempre me deixaram angustiadas. A primeira vez na escola, o primeiro beijo, a primeira vez sem meus pais…

Agora, imagine como eu reajo com as primeiras vezes do meu filho.

De certa forma, cada vez que o Gabriel é capaz de fazer algo sozinho, é um atestado de que estou perdendo aos poucos ele para o mundo. E qual o problema nisso? Nenhum. A não ser aquela preocupação de mãe que sempre quer proteger o seu filho de tudo e que acha que o melhor lugar para ele é ao meu lado. E alguém duvida disso?

Quando o Gabriel foi pela primeira vez para a escola, ano passado. Eu quase não conseguia dormir. Como seria a adaptação, iriam judiar dele, ele iria comer bem? Ele iria chorar?

A minha visão de primeiro dia de aula era bem clara: as crianças agarrando nas pernas dos pais, aos prantos, enquanto as professoras arrancavam-lhes sem piedade nenhuma e os jogavam para dentro das salas. Eu imaginava um caos. Um coro choroso de crianças de várias idades.

O que eu vi, na verdade, foi um monte de crianças tranquilas — claro que algumas choravam– mas um monte de mães chorando desesperadamente ao soltar das mãos dos filhos e entregá-las para as professoras.

Eu fui forte. Abracei, beijei e me despedi, sem derramar uma lágrima.

A garganta parecia ter uns três nós gigantes. Até eu chegar ao portão e desabar. Chorei. Doeu o peito, doeu a garganta e o coração. Que tipo de mãe eu era? Uma megera que abandona o filho na escola. Péssima. Fria. Pior tipo de mãe. Eu não queria ser minha filha.

Sem dúvidas, aquela foi a manhã mais comprida da minha vida. O relógio, de pirraça, parecia que tinha empacado nas nove horas. Onze e meia parecia nunca chegar. Finalmente pude buscar meu filho e tirá-lo daquele lugar horrível. O coração saia pela boca, enquanto eu estava a caminho.

Quando cheguei lá, ele estava sentadinho, com a carinha de paisagem de sempre. Dei um abraço forte nele, finalmente juntos novamente.

E eu perguntei:

— Como foi hoje?

E ele com a maior carinha de pau me responde:

— Normal, mãe!

Como assim N-O-R-M-A-L? Que vocabulário era esse? O que fizeram com o meu bebê? Deixei um bebê na escola e voltei com um adolescente? Que tipo de criança volta da escola pela primeira vez e diz que achou normal?

Cordão umbilical cortado com sucesso. E, acreditem, doeu mais em mim do que nele.

Hoje teve início mais um ano letivo. Eu achei que por ser a segunda vez eu sofreria menos. Mas, cheguei a conclusão que jamé irei me acostumar, acho que vou chorar até quando ele for pra faculdade.

É difícil perceber que meu bebê ( que já não é mais bebê) está crescendo. E a cada dia precisa menos de mim. Aos poucos ele sai do ninho e vai conquistando seu lugar no mundo. Enquanto isso, eu fico aqui, aos prantos, triste por ele estar crescendo e feliz por perceber que a cada dia ele conquista um pouquinho do seu lugar no mundo.