
Despejei meia tonelada de sonhos na cabeça de quem não compreendia minhas vontades. Para quem não tinha coragem de se demorar ao fitar meus olhos que brilhavam.
Demorei para aceitar que a maldade existia e que o inferno pode ser encontrado em uma pessoa parada na esquina.
Disse palavras que não queria dizer, ouvi outras tantas que sempre odiei ouvir.
Corri pra bem longe jurando nunca mais olhar para trás, e olhei.
Contei meus segredos mais intímos para desconhecidos que não estavam nem aí para a minha história.
Ouvi músicas antigas e me vi viajando em memórias que eu nem sabia que existiam.
Coloquei nas minhas frases mais vírgulas do que elas necessitavam.
Senti medo e coragem ao mesmo tempo.
Os meus olhos se apagaram por um tempo. Vagaram. E era tudo escuridão e um vazio gigante tomou conta do meu peito.
Por um bom tempo eu me questionei se viver valia à pena e se eu tinha feito as escolhas certas.
Mas o bom de estar na escuridão é que nenhum tipo de luz, por menor que ela seja, passa despercebida.
E enquanto os meus olhos pararam de brilhar, encontrei um monte de olhos brilhando por aí.
Nem sempre eles brilhavam para mim. E mesmo assim iluminaram o meu caminho.
Porque olhos brilhantes tem esse poder de melhorar o dia da gente.
E de tanto ver olhos brilhantes os meus encontraram motivos para voltar a brilhar.