
*Se você for o dono dessa imagem, avise-me que darei os devidos créditos 😉
Essa noite eu tive um sonho estranho. O cenário era digno de filme. Eu estava deitada entre as flores de um jardim gigantesco.
Eu olhava para o céu. O dia estava bem ensolarado do jeito que eu gosto. Uma fresta de luz do sol, atravessava algumas nuvens que estavam no céu. Eu vestia o meu vestido florido de flores roxas, usava um colar com um pingente de “trevo de quatro folhas” e estava descalça. “Nossa, a quanto tempo eu não ficava descalça?” pensei eu. Passei os pés no chão e senti a terra entrando por entre os meus dedos e senti que arranquei alguma flor sem querer. O cheiro ali era maravilhoso: cheiro de terra, cheiro de flor, cheiro de vida.
Levanto e passando as mãos sobre os cabelos, sinto que algumas flores se enroscaram nos meus cachos. Sorrio. Eu me sentia bem ali e nem me importava muito com vaidades bobas. Fechei os olhos e respirei fundo. “Ar puro”que maravilha! Se realmente existe um paraíso, esse lugar chegava bem perto.
Fui me levantando devagar e fiquei parada por um tempo observando toda aquela cena. Era de uma beleza tão grande, que nem encontro palavras para descrevê-la.
Eu fiquei por um bom tempo ali sentada. Observando tudo ao redor.
Até que me parei pensando qual o motivo de eu estar ali. Provavelmente eu procurava uma evasão do mundo real. Um momento só meu. Um tempinho não fazendo nada, porém o nada significava muito.
Gosto de um tempinho, deitada no chão olhando para o céu, esses momentos me fazem refletir sobre alguns dilemas existenciais. O ruim de virar adulta é que esse tempo para não fazer nada é bem curto ou até mesmo inexistente. E vamos guardando tantas coisas dentro da gente e é difícil ficar sem tempo para explodir ou para pensar sobre as coisas com mais calma. Quando encontram tempo para o nada, os adultos geralmente substituem o céu azul (ou o estrelado) por um teto branco e sem graça. Tudo bem que não é a mesma coisa, mas ajuda assim mesmo.
Desde criança sempre fui muito curiosa. E sempre senti a necessidade de conhecer o mundo e de entender coisas que até então eram inexplicáveis. Por sorte, os adultos da minha família tinham paciência comigo e tentavam me ajudar a compreender melhor o lugar onde eu estava.
Criei muitas teorias, mas nenhuma concreta demais. Sou sonhadora e tenho costume de exagerar nas coisas. Desta forma, as minhas explicações eram bem fantasiosas (algumas ainda são).
Não sei porquê, mas senti que todos esses meus sentimentos e curiosidades me levaram até ali.
Eu levantei e fui caminhando com cuidado entre as flores. Vi uma pequena cabana, simples, feita de barro e coberta com palha. Cheguei bem pertinho da porta verde que tinha na frente da casa, joguei meu tronco levemente para frente e dei três batidinhas leves.
–Olá, tem alguém aí?
Pude ouvir passos lentos e arrastados se aproximando, dou espaço para que abram a porta.
Neste momento, vejo um homem de estatura bem baixa, velho, encurvado e apoiado em um galho grosso de árvore que lhe servia como bengala. Ele tinha um cabelo branco e comprido e uma barba, também branca, ia até a altura de seu peito.
Por um momento nos olhamos em silêncio. Antes que eu diga qualquer coisa ele, com sua voz frágil e rouca, diz:
— Olá, eu estava esperando por você. Entre!
Fiquei com um pouco de receio, confesso. Mas aquele homem me trazia tanta paz que acabei entrando sem questionar. Lá dentro ele começou a falar vários episódios da minha vida, coisas que só eu sabia. Se eu fiquei assustada? Muito!
— Como o senhor sabe disso? — Falei com os olhos arregalados.
— Eu sei sobre bastante coisas , sabe? E você não é a primeira menina que chega aqui com tantas dúvidas.
Menina. Ah, como é difícil ouvir alguém me chamar assim…
Comecei a fazer um monte de perguntas e ele ouviu todas em silêncio. Eu perguntava, perguntava e nada. Ele continuou ali, estagnado. “Seria mais fácil conversar com uma estátua”- pensei.
Ele me olhou serenamente e sorriu, formando linhas profundas em volta dos olhos. E, calmamente, me respondeu :
— Não existem fórmulas. A maioria das que você já ouviu estão erradas. Aquelas que você inventou, para si e para os outros, estão erradas. Existem muitos mistérios que permeiam nossa existência. E alguns mistérios estão acima do que nos é permitido conhecer. Outras respostas que você tanto procura estão mais próximas do que imagina. Não há jeito certo ou errado de viver. Quer saber a chave de parar o tempo? Está dentro do seu coração.
*Musiquinha para ouvir depois de ler o texto: Clique aqui 🙂
P.s.: Esse texto está há um bom tempo guardado nos rascunhos e minha inspiração veio de um projeto que o meu amigo Lucas (Palhão) desenvolveu em seu blog, as “quartas-feiras criativas”. Que foi um projeto muito bacana e que eu adorei participar. Na época, não consegui desenvolver a história, mas ela ficou guardadinha, esperando o momento certo, em que eu tivesse segurança de postar. 🙂
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